Vamos tentar tocar ao de leve o véu que constantemente se mantém à nossa frente em relação à morte.
Vamos aprofundar a questão da morte tal como ela é apreendida subjectivamente por nós, enquanto vivos, a forma como a morte é concebida pela nossa actual cultura e em que grau é que a relação que temos com a morte não é, em grande parte, um condicionamento cultural.
O 1º nível é uma observação genérica sobre as concepções da morte em termos individuais e colectivos.
O 2º nível irá concentrar-se no mecanismo da morte em termos ocultos, isto é, naquilo que foi possível reunir pelos observadores mais atentos e pelos intuitivos ao longo dos séculos, bem como o que tem sido transmitido de dimensões superiores da vida para o consciente da humanidade sobre este assunto.
Vamos trabalhar neste 2º nível aspectos sobre a morte, mais exactamente a sequência de etapas que o nosso ser vive naquilo a que culturalmente se chama morte.
O 3º nível foca a morte consciente, a educação do homem para a morte consciente, a vivência de todas as etapas comuns do processo de desligamento da consciência em relação à natureza que ela utiliza para se exprimir nesta dimensão, mas sobretudo a cooperação consciente do indivíduo no momento em que ele abandona esta dimensão.
A morte consciente será, no futuro, um assunto comum e cedo ou tarde começarão a surgir facilitadores do trânsito entre dimensões. É outro tipo de terapeuta, é um ser que acompanha o irmão que supera esta dimensão e está ao lado dele e que tem uma percepção profunda, tanto quanto possível, das etapas de desenlace da vida compactada que se exprimia naquele corpo de retorno à sua origem.
A formação destes facilitadores de morte consciente, no futuro, serão tão comuns quanto os facilitadores do processo inverso (médicos, parteiras) que assistem à entrada de um ser na nossa dimensão.
Um dos grandes hiatos da nossa compreensão das portas entre as dimensões – e é um aspecto que revela bem onde a nossa civilização tem dificuldade de penetrar – é que nós não temos o equivalente à parteira no momento da morte, mas estes seres vão entrar em formação em breve: devido à natureza intensa com que a história está a alcançar o seu clímax; devido à forma como as forças de convexão da história estão a levar as pessoas a fazer grandes sínteses culturais; devido à intensidade com que as disciplinas estão a ser levadas a se casar sob a pressão da própria síntese descendente, a forma como esta síntese está a transpirar à superfície dos acontecimentos humanos impondo, facilitando as mãos a darem-se, os corações a se unirem, os olhares a se encontrarem e no plano académico, as disciplinas a explorarem mais os espaços interdisciplinares de forma a que uma percepção luminosa do conhecimento possa vir ao de cima. À medida que o poder de unir actua nos níveis profundos do unive
rso, esse poder de tornar coeso, de fundir no amor a realidade planetária, à medida que esse poder emerge e a Terra definitivamente entra na sua fase alquímica mais evidente, os facilitadores do desencarne, os seres que desenvolveram a capacidade de irradiar o tipo de energia, de magnetismo e de doçura, à medida que se formam e ocupam os seus postos, vamos ter uma nova função na humanidade. Esta função é belíssima porque ela contém a antítese da angústia que a maior parte de nós associa à ideia de abandonar esta dimensão.
Uma morte inconsciente tende a produzir um nascimento inconsciente e uma morte profundamente consciente tende a produzir um renascimento profundamente consciente também. Quanto mais lúcido é o estado do ser no momento em que ele é aspirado para as dimensões superiores, menos material intermediário (astral, mental) é associado ao seu campo vibratório, e no percurso descendente mais directa é a relação entre a sua luz essencial, o seu centro de vida, de energia pura e a forma que ele está criando como suporte para se manifestar nesta dimensão.
A relação que uma civilização tem com a morte diz muito do estado dessa civilização. Quanto mais avançada, transparente, serena, amplificada for a relação que o consciente colectivo de uma civilização tem com esse momento de clivagem na nossa consciência, quanto mais profunda, limpa, serena, integrada for a relação que a cultura tem com a morte mais se percebe o quanto da verdadeira vida se exprime através dessa civilização e usar essa civilização como um instrumento de revelação.
Civilizações são instrumentos utilizados pela vida tal como os nossos corpos físicos são veículos de ascensão colectiva. Uma civilização é sempre um sistema tractor da consciência colectiva.
Quanto mais permeável à luz que emana do centro do cosmos for uma civilização, mais ela irradia luz, clareza, limpeza, percepção clara sobre a morte.
Quanto mais ampla é a visão da vida que uma civilização tem, mais tranquila, mais competente, mais sublime é a percepção que essa civilização fornece no momento de desencarnar.
Há aqui uma relação extremamente íntima entre a compreensão que uma cultura tem da vida e a leitura do mundo que essa civilização faz e a forma como ela se relaciona com o mundo. Quanto mais profundo, penetrante e vasto é o olhar daquele que conhece o mundo e da civilização em que ele se insere, mais sublime é a concepção da morte e esta curva é um pouco invariável, é directamente proporcional. Quanto mais bela é a concepção da vida mais bela é a concepção da morte.
Se observarmos a forma como os tuaregues, os lapões, os esquimós, os índios das Américas do Norte e do Sul vivem, quase que se intui a forma como eles morrem. Existe uma passagem sem descontinuidade em termos de consciência entre a forma como esses seres vivem e a forma como eles se deixam aspirar para as dimensões superiores. São aquelas culturas que mantêm vivo um fio de tradição. Tradição entendida no sentido ortodoxo de a conexão com o princípio nutriente, vital, como algo que foi recebido na fundação daquela civilização e que foi respeitado ao longo dos ciclos de desenvolvimento e amadurecimento dessa civilização.
Tradição no sentido ortodoxo é o respeito por uma semente, por um conjunto de factos ocultos que foi colocado no berço da civilização.
Todos estes povos têm uma forma de compreender o Universo que não entra em fricção com a forma com que eles se deixam levar para as dimensões superiores de vida.
Para os índios Hopi, por exemplo, a concepção de aqui inclui tudo o que eles vêem no horizonte num ângulo de 360º e a concepção de agora vai desde o bisavô ao bisneto.
Para um europeu contemporâneo aqui significa o bairro dele e agora significa um período de 45 minutos aproximadamente.
Para um norte americano aqui é o quarto onde ele está e agora são aqueles 5 minutos. Isto significa que o foco da consciência foi perdendo raio, foi-se fechando e as pessoas ficaram extremamente eficazes em extensões de espaço e de tempo muitíssimo curtas. A eficácia não se discute, o pragmatismo está lá.
Este europeu e este americano são extremamente eficazes no aqui e agora a que se propõem mas se alguém for assassinado na rua, do ponto de vista do americano não foi no aqui dele, ou seja, a consciência dele, que avança por segmentos, não inclui o que está fora dessa concepção de aqui e agora, houve uma miopia da consciência.
Enquanto que nos povos tradicionais a concepção de aqui e agora é vasta, articulada e sempre dependente de uma concepção pelo menos mística e mágica da realidade, actualmente, no homem contemporâneo a nossa concepção de aqui e agora mirrou até ficar do tamanho de um alfinete, ele vive como se não fosse morrer porque o agora dele são aqueles 5 minutos.
Há aqui uma equação da consciência que os sistemas directores da nossa civilização deixaram escapar e isso é a capacidade de expandir o aqui e agora para além do momento que ele vive, tanto para o passado como para o futuro. Isto significa que um ser que vive no estado amplificado de consciência, como os esquimós por exemplo, ou os índios dos planaltos centrais da Colômbia, quando um ser vive neste estado amplificado de consciência, ele sempre actua consciente de que a morte está presente, entrelaçada, conectada com o processo de vida. Isto significa que os actos dele são saturados de uma reverência e compreensão da fragilidade de estar nesta dimensão.
É interessante observar que ainda há alguns anos atrás morria-se em casa e o corpo não era imediatamente escondido. Mesmo no ocidente a família participava do processo de levar o corpo do sítio de onde ele tinha sido desactivado para o sítio onde ele iria ser entregue aos reservatórios de matéria planetários (cemitério). Havia uma relação mais quente com o processo de morte, da mesma forma que se nascia em casa morria-se em casa.
Os jovens, as crianças, tinham uma assimilação directa do facto morte. 80% das pessoas são traccionadas para as dimensões superiores em instituições de saúde, asilos e casas de repouso. Surgiram estes “especialistas” em tratar de cadáveres de forma que a família não tenha que se ocupar daquele aspecto, então nós pagamos para sermos colocados a uma distância confortável deste facto absolutamente essencial que é o cadáver. Nós evitamos a assimilação telepática e a proximidade com o ser que está superando esta dimensão. A forma como os mass-média tratam a morte contribui para isto.
A morte geralmente é apresentada como um episódio violento, isto é, a morte natural ninguém sabe muito bem o que é, tirando, obviamente, técnicos de saúde e pessoas que já têm intimidade com esse processo.
Este vácuo que existe entre o consciente da humanidade e a morte (presença de um cadáver) esta distância é equivalente à distância que nós temos em relação à nossa própria essência. A nossa incapacidade de ficar serenos, em compaixão perante a morte, da nossa própria dificuldade de comunicação connosco mesmos em níveis profundos. Há uma incomunicação interna essencial entre o eu consciente e os seus níveis psíquicos, a parte da alma que se liga a esta dimensão, há uma ruptura dos canais, e no momento em que a lei cósmica nos mostra claramente o que é forma e o que é conteúdo, nós não somos capazes de separar, porque não temos o hábito de ir ao encontro do nosso próprio conteúdo, vivemos no nível da forma e então, naquele momento, aquele corpo é tudo o que restou da pessoa que desencarnou.
Uma vasta parte do nosso córtex está envenenado com a ideia de morte. Nós construímos a nossa arquitectura de micro flashes luminosos que compõem as funções cerebrais e só a ideia de morte é dos pensamentos mais venenosos que o nosso cérebro tem de suportar toda a vida porque ela é, simplesmente, falsa.
A forma como a morte é assimilada na nossa cultura, transmitida, cultivada e por mais cosmética espiritual que seja colocada em torno do facto, em termos de compromisso do ser para com aquilo que ele considera real, nós ainda estamos no nível da aparência e, neste sentido, todo o trabalho de formação destes futuros facilitadores da transição entre dimensões começaria primeiro por um compromisso de amor entre a consciência tridimensional e o seu centro irradiante.
A capacidade de casar mundos está na base da eliminação do medo e da morte.
Enquanto os mundos são vistos como separados, enquanto o mundo superior, as plataformas de vida espiritual, as grandes paisagens de luz onde as almas se deslocam, livres como pássaros, enquanto esta esfera for vista como separada da esfera do quotidiano, o vácuo criado por esta nossa concepção da realidade é ocupada pelo medo.
Sempre que eu crio um hiato, uma separação, eu criei um território propício a alojar o medo porque o medo alimenta-se de incomunicação e o homem é um agente de comunicação entre os mundos.
A nossa actual concepção de morte como o términus de uma entidade biológica, bioquímica, electrolítica – porque do ponto de vista da medicina clássica, é isto, pouco mais – a nossa concepção disto não acaba, é uma herança da completa falta de amor com que o homem tem vivido para consigo mesmo.
A nossa actual concepção de morte é filha desta ausência de amor que caracteriza a vida na Terra, actualmente (nos últimos 2000 anos? É impossível fazer uma genealogia do ódio, perde-se na noite dos tempos).
Para que estes facilitadores da transição se formem, primeiro eles terão que conquistar, dentro deles, o medo em relação à morte.
A forma como a morte é transmitida pelos mass-média torna-se algo sem honra, sem rosto, a maior parte das vezes violenta e completamente estatística.
A assimilação constante deste mito da comunicação global que é a morte sem rosto e sem honra, a contínua propagação deste mito, vai fazendo com que as pessoas, perigosamente, se habituem à morte pelo lado oposto.
Nas culturas tradicionais a morte é algo totalmente quente, há uma textura humana na morte.
O chefe índio diz ao seu filho: “hoje está um bom dia para morrer”, veja-se como isto está nos antípodas da morte tal como ela é apresentada pelos mass-média!
Obviamente, o chefe índio pratica a morte consciente. Ao longo da vida, conscientemente, ele aprendeu a sair e a entrar no corpo, aprendeu, de uma forma gradual, a desligar certos centros que permitem a elevação dos seus veículos subtis acima do físico e depois voltou a pousar os veículos subtis no físico porque não estava na altura de ele desencarnar, e este chefe índio, este chefe esquimó, este shaman, este monge ocidental, este sacerdote cristão, católico, todos eles têm esta prática, no fundo, para não falar nos Cátaros que tinham isso bem desenvolvido, praticavam esse processo de elevação acima do corpo e de retorno ao corpo, aquilo a que hoje chamaríamos uma meditação de abstracção, mas que, quando ela é feita tendo consciência de que o mecanismo de certas meditações é rigorosamente idêntico ao mecanismo da morte, então o chefe índio ou o monge, ou o ocultista ocidental que sabe o que faz, no momento em que a sua centelha dá ordem: “este é o momento de irmos embora”, ele simplesmente assiste ao processo de ser traccionado para além do corpo, ele acompanha o processo conscientemente – morte consciente.
Esta morte consciente liberta-nos das regiões astral e mental, ela leva-nos directamente para o nível causal, para o nível intuitivo superior da esfera planetária.
Na morte inconsciente o indivíduo entra no estado intermediário em que ele é bombardeado de influências de mundos que são tão estranhos e confusos para ele, ou mais, do que a sua vida quotidiana – “o bardo” em budismo tibetano. São regiões eminentemente desorientadoras e que poluem o canal.
A forma como os mass-média transmitem a experiência da morte transforma-a em algo repugnante porque as pessoas estão morrendo de uma forma repugnante, as pessoas estão transitando de dimensão de uma forma cega. As pessoas não estão tendo reverência, ritual, não estão amando os portais e os mass-média funcionam por injecções de adrenalina que é o que mantém as pessoas frente à televisão.
Se uma imagem tem poder de injectar adrenalina no sangue ela tem que ser posta no ar porque isso garante que o espectador está lá. Esta morte divulgada ela é divulgada porque produz adrenalina em nós. É hipnótico ver as pessoas morrer violentamente, as descargas de adrenalina auxiliam o processo de hipnose. A forma como o ritual da morte é colocado pelos mass média à nossa frente, polui a compreensão do portal, vai fazendo com que o portal se transforme em algo temível e vai alimentando o nosso cérebro reptiliano com todas as memórias genéticas ancestrais em que o homem luta para sobreviver. O cérebro reptiliano tem memórias muito fortes em relação à morte compulsiva: feras; guerras; invasões entre tribos… e sempre que somos expostos a mortes que não contêm a elevação do espírito, o cérebro reptiliano é confirmado, portanto o medo vai aumentando e os núcleos densos que nos prendem ao passado ancestral da espécie e que a hierarquia espiritual da Terra constantemente tenta superar, transmutar em nós, tudo isso é contrariado por esse contacto constante com a morte disforme.
Quando um ser se abre para abraçar de novo a esfera planetária, quando um ser se abre para abraçar de novo a experiência nesta jóia azul em torno do Sol e quando um ser se abre para amar a Terra de novo, vindo aqui e assumindo os veículos que permitem amar a Terra: o teu corpo físico; a tua natureza psico afectiva; o teu veículo mental; o teu corpo etérico veiculador de prana e de energia espiritual vinda do alto, quando um ser se abre para isto, ele entra em protocolos de redução de luz, ele entra numa espiral aprisionante progressiva.
Para nós podermos compreender a morte como um trânsito entre dimensões, sem descontinuidades, sem impasses, sem conflito, como uma continuidade da própria onda que deu origem à vida, e para que eu não me atrapalhe nas passagens entre as dimensões, eu tenho que começar a compreender a vida e o nascimento de uma criança de uma forma igualmente profunda.
Quanto mais profunda for a minha compreensão da forma como o cosmos entrega mais uma semente de luz à Terra, mais contínua e estruturada é a minha percepção da morte porque são o mesmo mecanismo inverso.
Quando um ser se abre para abraçar a Terra e adquirir veículos nesta dimensão, e quando lhe é dado salvo conduto para de novo criar conexão com a nossa esfera, ele entra numa espiral deaprisionamento gradual, donde que o nascimento e a aquisição de uma forma estável na dimensão física está sujeito á lei cósmica da limitação. Se o nascimento está sujeito à lei da limitação, a morte é uma expressão da lei oposta – a lei da libertação. Elas complementam-se. A lei da limitação diz que a vida limita-se para se exprimir numa dimensão inferior e a lei da libertação diz que, cumprindo uma etapa de expressão a vida expande ao ir ao encontro da sua origem. Nós somos vida limitada, vida operando através de suportes limitados, nós somos vida enclausurada exactamente como o rouxinol do imperador, por mais que tu cantes a gaiola está lá. Nós somos isto e é preciso amar, compreender, honrar a dignidade da vida, a qualidade única de se estar exprimindo dentro da gaiola do imperador.
Para o rouxinol lúcido não tem grande diferença se ele está dentro ou fora da gaiola o que é importante é a qualidade do canto. O rouxinol lúcido apercebe-se de que enquanto está naquela gaiola o canto dele cura o imperador, então o rouxinol está em paz com a sua condição de aprisionado mas se é um rouxinol lúcido, no momento em que o próprio imperador ou alguém abre a gaiola e lhe diz que o trabalho dele terminou, ele não fica agarrado à gaiola talvez porque ele saiba que há gaiolas que o esperam para outros imperadores ou porque ele simplesmente não pertence à gaiola e se a lei da limitação diz que para a vida se exprimir na forma o rouxinol tem que ser colocado numa gaiola, a lei da libertação diz-te exactamente o oposto.
Para que eu possa começar a libertar-me da transição entre estas duas dimensões eu preciso ter consciência de algo fundamental: o medo está associado à ideia de caos, de imprevisibilidade, de não controlar os acontecimentos, isto é, o rouxinol liberta-se da gaiola e depois? O medo é toda a actividade prospectiva da mente tentando ver o que não faz parte da função dela ver, e para que eu me comece a libertar do medo basta eu aprofundar que a morte é uma expressão da ordem não do caos, a morte é uma expressão da lei tal como o teu globo ocular é precisão num grau extremamente elevado, ele contém a arquitectura exacta para aprisionar luz de uma forma extremamente refinada.
A morte nada exige do próprio indivíduo, é uma intervenção directa de uma lei maior sobre um conjunto de leis menores. Quanto mais eu compreender que a morte faz parte do grande ritual cósmico por natureza, mais eu me fundo nesta compreensão que a morte é lei e portanto ela é completamente segura.
À medida que uma alma se abre para descer a esta esfera ela começa a descer por uma espiral de limitação e são-lhe colocados véus que adaptam a sua luz aos planos aos quais ela está a descer.
Aquilo que se exprime através deste corpo é uma infinitésima parte de ti, é uma pequena parte da luz total que tu és. Um corpo físico não contém voltagem suficiente para ancorar totalmente aquilo que tu és. Para efeitos da encarnação nesta dimensão o que desceu é uma pequenina parte dessa luz total que tu és, donde que o processo de desencarnar é um processo de retorno da luz à Luz.
Essa luz, essa presença, a actividade dela é supra planetária, ela está constantemente se deslocando naquilo a que a teosofia chama o plano causal e essa esfera luminosa do teu ser desliza aí como uma vasta entidade imperial. Imperial porque se trata do bem, porque tu és o bem, tu és a entidade que plana e apenas um fiozinho dela se vai prolongando até se identificar com protocolos de limitação como o nosso planeta que é um planeta Alfa/Omega que deverá reproduzir, na matéria, a perfeição na mente no Pai.
O que retorna às dimensões superiores é o teu eu consciente juntamente com o psíquico e as redes de sustentação de vida que vêm directamente do eu superior e que são conhecidas como o cordão de prata – sutratman – e os átomos permanentes.
Se eu compreender o que encarna eu compreendo o quão expansiva e libertadora é a experiência do desencarnar.
O eu superior emana essa entidade psíquica que entra na espiral descendente e vai sendo envolvida por véus mas nunca perde o contacto com o eu superior. Esse psíquico em nós (alma) ele funciona por detrás da consciência, por detrás do eu que está à superfície da actividade cerebral, tanto assim que quando nós sonhamos esse eu tende a aproximar-se dos níveis psíquicos do ser, eventualmente a fundir-se durante os sonhos mais profundos.
À medida que o psíquico se aproxima das dimensões terrestres existem atractores específicos para cada vibração da Terra. Então ele dispõe de um agente magnético que atrai matéria mental e dispõe de um agente magnético que atrai matéria emocional, e outro que atrai matéria físico etérica. Essa parte do teu ser não é daqui, ela veio prestar um serviço aqui, mesmo que seja evolução e opção … é sempre um serviço. Este psíquico que não é de cá, esses átomos permanentes atraem matéria de cada dimensão em função do que aquele ser viveu em vidas anteriores. O psíquico contém um código vibratório que é expresso através desses centros atractores e que atrai material compatível exactamente com o material que tu deixaste para trás na última vida, porque o canal que tu constróis ao desencarnar – e é aqui que está a questão da morte consciente – é exactamente o mesmo canal que tu usas ao reencarnar e quanto mais consciente for a construção do canal ao saíres mais consciente é o retorno.
Há uma perca de luz à medida que o psíquico se vai envolvendo nas dimensões terrestres, há um revestimento com materiais que lhe são estranhos. Gradualmente o psíquico emana o cordão de prata – em princípio nós estaríamos a falar sobre morte, mas nós estamos a falar da vida, do nascimento de um ser e se conseguirmos criar uma total indistinção entre as duas coisas, o medo da morte fica para trás – à medida que esse nível psíquico se aproxima do útero materno, ele prolonga uma rede electromagnética capaz de estruturar tecido vivo e com os átomos semente (atractores) ele vai atraindo vibração correspondente, exactamente, ao ponto em que tinha deixado as suas vidas anteriores. E exactamente como num tricot a multiplicação celular: os fios vão chegando vindos de um reservatório de fio e as duas agulhas vão criando nós e mais nós e a rede de nós forma um tecido. É assim que os nossos corpos físico, emocional e mental foram construídos. Esses tricots incluem qualidade materna, mas principalmente, a acção desse psíquico por detrás dos acontecimentos garantindo que a lã que chega às agulhas é exactamente aquela lã e não outra, isto é, os materiais que compõem o corpo daquele bebé podem ser de vibrações muito diferentes, o reservatório de substância já iniciado no reino humano é imenso e heterogéneo, tem muitas camadas de vibração diferentes e os átomos semente são os codificadores que vão buscar exactamente o novelo que corresponde ao tecido que ele quer fazer, então tens um atractor que entra no nível mental de vibração terrestre.
À medida que a alma vai chegando à dimensão terrestre ela funciona como uma ansiã construindo os seus próprios corpos, mas devido aos átomos-semente, que são bancos de dados de vidas anteriores, ela não pode usar material indistinto, ela tem que usar material que corresponde à vibração que foi deixada em vidas anteriores.
Quando o ser nasce o psíquico fica alojado no centro do peito, o sacrário humano. Trata-se de uma região sagrada no nosso corpo, situa-se entre as omoplatas e o externo e guarda aí o psíquico, a parte do eu superior que foi possível descer à dimensão terrestre e é deste psíquico que emana a pequena luz que paira à superfície da actividade cerebral, luz que fica mais nublada quando o indivíduo densifica o seu cérebro ou que se expande à medida que a pessoa purifica o cérebro.
O cordão de prata é uma trança de força/vida/consciência que vem directamente do eu superior para o corpo. É uma trança trina (sutratman) que ancora em 3 pontos: a parte do cordão responsável pela vontade de um ser ancora no centro da cabeça – pineal; a parte responsável pelo amor ancora, juntamente com o psíquico, no coração e a parte responsável pela actividade, pelo poder criador, pela capacidade de intervenção ancora no cóccix. Os átomos-semente ficam próximos da aura registando tudo o que vamos fazendo com a nossa natureza humana.
Um ser humano é este habitáculo desta entidade alucinante que vem das estrelas e se as nossas definições reduzem o poder desta entidade em nós, então as nossas definições funcionam como terra, elas matam a luz em nós, enterram-nos.
Cada falsa definição de nós próprios baixa a frequência do nosso ser e o trabalho novo é este indivíduo novo, lúcido, sacudir, libertar-se, voar para além das definições que ele permitiu que se prendessem ao seu campo cognitivo e, nesse sentido tu começas a preparar um desencarne luminoso, hoje, quando desencarnas, já hoje, das velhas ideias. Tudo o que eu limpar em mim que não corresponde à minha evolução conscientemente, eu não preciso de o fazer nos planos subtis porque foi feito aqui nesta dimensão, há uma antecipação da morte.
Morte consciente equivale a vida consciente. Se um ser tem profunda consciência de quem ele é então ele está lá absolutamente identificado com o seu eu superior e nesse sentido ele tem uma morte consciente, aconteceu com imensos seres que desencarnaram conscientemente porque eles já estavam conscientemente desencarnados. O trabalho consiste em antecipar o bardo nesta vida. O período de bardo (que é o termo tibetano para a etapa intermédia entre uma encarnação e a outra) em que o ser pode estar identificado com esferas subtis mas não está na luz mas também não está encarnado porque se ele sobe para um nível de luz já não se chama bardo chama-se iluminação. O período de bardo desaparece se eu o viver durante a vida. No momento de desencarnar não há nada a fazer nas dimensões intermédias, ele não tem que passar 8 dias ou milhares de anos (esta etapa intermédia pode ir desde minutos a milhares de anos, o tempo que passamos entre a morte e o contacto com a luz profunda que somos, depende do quanto eu levo comigo desta dimensão, agora se eu estou nesta dimensão como se estivesse nas estrelas, quando tu libertas os veículos, em minutos estás em contacto com o eu superior porque o período intermédio foi vivido em vida.
O momento em que o teu ser psíquico começa a activar os protocolos de desligamento é o momento de dissolução, e o estado de consciência ideal para atravessar esta porta é o estado de consciência de um ser que, depois de um longo dia de trabalho na floresta regressa a casa para tomar um chá, é tão simples quanto isto.
Nós falámos da gaiola que prende o rouxinol, isto é, do facto da alma estar associada a um sistema que tem problemas com vizinhos, é uma prisão, mas a vida não é isso, a vida é o que tu quiseres, a vida, os nossos corpos são profundamente plásticos, tem momentos difíceis, tem momentos de tensão mas tem vastas zonas onde tu podes semear plantas luminosas e no fundo o que nós estamos tentando fazer nesta dimensão é tentar trazer o psíquico à superfície e transformar os corpos à imagem do nosso eu superior.
Quando um ser começa a desencarnar e o trabalho sagrado de superar esta dimensão terá de ser acompanhado, cada vez mais de perto, pelos seres que têm compaixão (a compaixão muitas vezes se traduz por criar amor e uma vibração luminosa em torno do portal entre as dimensões terrestre e supra terrestre) se há um ritual mínimo no nascimento, que não é suficientemente luminoso, senão nós não pegávamos no bebé e não o metíamos de cabeça para baixo, teríamos uma forma bem mais delicada de o introduzir na vibração terrestre, assim como deixaríamos mais 1 ou 2 minutos antes de cortar o cordão umbilical para não produzir um calor excessivo na entrada de oxigénio, seria necessária uma ventilação durante mais algum tempo, assim como não haveria luzes intensas na sala da maternidade, o bebé vem do espaço cósmico primordial, do útero da mãe e entra na feira popular, de repente, não admira que andemos um pouco atarantados durante a vida toda. Os ruídos na sala de partos deviam ser reduzidos ao máximo. O choque espinal devia ser reduzido profundamente.
Nós continuamos a falar da morte mas do lado de cá, porque aquilo que nós vimos do lado de cá como nascimento, do lado de lá, uma série de entidades despedem-se da alma: “Adeus, até de aqui a 80 anos, porta-te bem”, ou seja, aquilo que para nós é uma festa, para os planos superiores é uma despedida e aquilo que para nós é uma despedida e um motivo de lamentação, nos planos internos é uma festa, é um retorno, ou seja, há uma libertação da luz, uma imensa libertação de consciência e há uma vibração de triunfo se aquela vida foi vivida de acordo com o plano original.
Se nós compreendêssemos o poder agressor que o meio ambiente tem sobre o bebé que acaba de nascer, nós teríamos muito mais cuidado com esse choque espinal (com a questão de pendurar o bebé), daríamos mais 2 minutos antes de cortar o cordão umbilical, jamais retiraríamos o bebé de ao pé da mãe, não há nenhum campo vibratório que justifique afastar o bebé da mãe, do ponto de vista oculto não há nenhuma forma de argumentar isto. O lugar do bebé depois de nascer é junto da mãe porque o útero é uma porta dimensional tal como as pirâmides e este ser não pode ser afastado abruptamente. Há uma série de choques em sequência que têm de ser revistos no procedimento.
As futuras maternidades serão completamente aquáticas. Se tivéssemos os tais 50 anos de evolução linear, a tendência seria para as maternidades se transformarem em delfinários, simultaneamente, porque o sónar que os golfinhos têm contém um irradiador de informação cósmica extremamente poderoso que cria um envelope de vibração em torno do bebé que é tão potente quanto o amor e o calor materno.
Por André Louro de Almeida 15/02/2002
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