O tema que vamos abordar é crucial para a nossa situação de seres que estão gerindo uma lucidez espiritual crescente num ambiente tão complexo como as sociedades urbanas onde nos encontramos. É crucial para a estruturação da consciência de indivíduos que não só são responsáveis pelo seu mundo interno, como se apercebem que estão sendo chamados a tornarem-se responsáveis por sectores do despertar colectivo: nas empresas onde trabalham, em casa, na família, na rua. Ao mesmo tempo que se estão tornando lúcidos e responsáveis perante uma fala divina dentro deles, simultaneamente, percebem que não podem descolar essa ampliação de consciência das pessoas à sua volta.
Segundo Yung a individuação é feita consigo e com os outros.
Este tema relaciona-se com a sequência mais evidente, em termos psicológicos e espirituais, dos próximos tempos: crise individual; perca de referências; espaço ritual; contacto com uma energia regeneradora; cura, iniciação e retorna à consciência social.
Eventualmente vamos observar pequenos e médios holocaustos individuais – momentos em que alguém à nossa volta, ou nós próprios, vivemos uma crise na qual o investimento, o emprestar conteúdo à realidade à nossa volta fica sem sentido.
De repente o mundo é um grande desconhecido à espera de ganhar significado. Como o significado que a nossa cultura, como um todo, dá à realidade tem um prazo de validade, isto é, a leitura que, como uma tribo global, nós fazemos do planeta e da situação cósmica em que nos encontramos esgotou o seu potencial propulsor, e como uma civilização é uma teoria acerca do que é que a realidade é, quando se esgota esta projecção a civilização cai. Que ela continue a movimentar-se é porque as pessoas têm que comer todos os dias. Tem a ver com manutenção instintiva, biológica – sobrevivência.
Uma civilização pára quando não encontra mais sentido ou quando esse sentido cumpriu a sua função como combustível, foi queimado, chegou ao fim. Claro que se observa que as grandes instituições continuam a funcionar, mas elas antes (anos 50) estavam a funcionar sobre uma série de sentidos possíveis: progresso, modernidade, humanismo, existencialismo no sentido positivo da palavra, etc., tudo isso chegou ao fim, as pessoas estão fazendo as coisas porque têm de ser feitas.
A nossa vida é uma vida de emergência e a suspensão deste tecido civilizacional em que nos encontramos dá-se através de pessoas. As nossas crises individuais são o nosso maior contributo para a salvação da Humanidade. Quando um indivíduo entra em crise começa o processo de cura, o processo real. Claro que quem observa acha que se passa algo de errado mas o que está a acontecer é que ele chegou à doença xamânica, diferente de uma psico patologia vulgar.
A ferida xamânica é quando um ser, sem conseguir explicar porquê, sente que foi atingido no seu mecanismo de projecção, isto é, a sua forma de dar valor às coisas e à realidade, de repente, “alguma mão perversa” carrega no off e ele não consegue mais projectar um valor sobre a realidade. Tem a ver com a expressão popular “não me encontro a mim mesmo”. Mas a expressão mais próxima da iniciação é: “já não sou quem eu era”.
A única forma da nossa civilização parar é através de um esgotamento, de uma perca de combustão e os esgotamentos são individuais.
Esgotamento físico – cura-se com vitaminas, repouso, alimentação equilibrada, respiração, contacto com o mar e a natureza.
Esgotamento emocional – em que a pessoa amou muito e está cansada, esvaziou a sua capacidade afectiva, a sua capacidade de se dar e esgotou porque não houve uma alimentação, não houve um circuito, ela era a única fonte de afecto numa circunstância que pode ser na casa, no escritório, etc.. Este esgotamento acontece, obviamente, no casal e até no relacionamento da pessoa com a própria vida.
Esgotamento mental – que os estudantes conhecem bem.
A psicologia clássica geralmente pára aqui, mas existe um 4º tipo de esvaziamento do depósito que é o Esgotamento psíquico.
A nossa psique é o nosso aparelho de projecção: projecta os nossos valores internos no mundo e este recebe-os. O brilho do mundo somos nós que o realizamos. Assim como estas colunas de som emitem ondas na atmosfera que deslocam moléculas e os nossos tímpanos traduzem estas moléculas em som.
O brilho do mundo é exactamente o mesmo: Os pinheiros batidos pelo vento; os golfinhos; o vermelho do sangue; o laranja eléctrico dos líquenes; a brancura dos moinhos....
O ser humano é um dos vértices do grande triângulo da cognição e portanto ele faz o mundo. Isto é um processo cognitivo. O Pai é a raiz que mergulha no infinito e fornece o 2º vértice que é a energia que fornece as tramas vibratórias, malhas, matrizes, ondas dentro de ondas. São tapeçarias de energia. É preciso o 3º pólo, que somos nós, para fazer o mundo. Se não estivesse ninguém nesta sala o que havia aqui eram tramas de energia.
Esgotamento psíquico – é o que acontece quando a psique não consegue mais recriar um mito suficiente para amar a realidade.
É mais grave, profundo e sério do que os outros tipos de esgotamento.
Nestas circunstâncias esse momento é de grande dignidade.
Para Yung essa ferida xamânica acontece na meia idade (entre os 35 e os 45 anos) hoje sabemos que pode acontecer bastante antes ou depois.
A psique, o interior de um ser, nessas circunstâncias, precisa de ser regenerado, precisa de ser investido de um poder, de um amor, de um íman e de um significado de fogo.
Uma das experiências mais básicas da consciência é que nós estamos divididos em dois como se uma pesada cortina de teatro tivesse sido colocada dentro de nós, existindo um pequeno palco que é consciência diurna quotidiana e depois tens tudo o que tu és além dessa cortina. O que está além da cortina são os poderes criadores vibratoriamente intensos do teu próprio espírito. Essas forças criadoras são potências que emanam significado, energia, são anteriores à experiência da vida e estão marcadas dentro de ti, não se podem tirar, são o hardware psicológico.
O ponto dentro de nós onde é feita a convivência entre a consciência diurna e a potência arquetípica chama-se “espaço ritual” ou “liminal” (porque está no limiar entre dois grandes mundos dentro de nós).
A vossa tarefa como sacerdotes da Ordem de Melkizedeque é ajudar a humanidade a entrar no espaço liminal ou ritual e depois ajudar a humanidade a sair do espaço liminal e a voltar para a construção de uma nova sociedade.
Uma iniciação mal feita é aquela em que o iniciante é levado pelo iniciador ao espaço liminal e depois, porque o iniciador não é um autêntico hierofante, não sabe tirá-lo de novo do espaço liminal e trazê-lo para uma nova construção social. Isto é, ele vai ao espaço liminal para regenerar a psique esgotada.
Não há nenhuma hipótese de regenerar um esgotamento psíquico que não seja através do mergulho no espaço liminal ou ritual.
Isto é um assunto extremamente sério porque tem a ver com a cura da humanidade nos próximos 10 anos. O novo problema não é físico, emocional ou mental, é psíquico, depende do mito, do significado e do fogo dentro dos seres humanos. É no espaço ritual que o ser humano pode pousar a função egóica, e “nu”, ser investido do poder do arquétipo e a única forma da psique regenerar é quando ela recebe a potência de um arquétipo.
O que é o espaço ritual ou a atmosfera liminal? É uma região da consciência onde o consciente e as grandes potências arquetípicas se tocam. Se elas se tocam demasiado tempo (se o indivíduo fica demasiado tempo no liminal) ele começa a ser absorvido pelo poder do arquétipo, e pode ser uma cura porque o arquétipo é uma tremenda força sagrada, é um nutridor, um fortalecedor, mas tem conta, peso e medida.
O que acontece hoje em dia é que muitos “hierofantes por combustão expontânea”, estão levando as pessoas para um espaço liminal mas não têm facilidade em fazer com que elas retornem de novo à consciência social. Um dos problemas na Nova Era é que está a criar uma multidão de habitantes do espaço liminal. A situação extrema é quando uma rapariguinha irlandesa lê um livro que a leva internamente a alinhar-se com a energia tremenda da sacerdotisa cósmica. Como é um arquétipo, isto é, um poder super consciente, qualquer toquezinho deixa-te electrizado, nem consegues dormir.
A vantagem/desvantagem das drogas nos anos 60 é que as pessoas tomavam o cogumelo, a função protectora do consciente e do ego era dissipada porque havia uma alteração da química do cérebro e entravam em liminal. Nesse espaço liminal tudo é arquetípico. Uma criança não é “aquela criança”, é outra vez A Criança Cósmica. Uma árvore não é “aquela árvore”, é A Árvore. Tudo ganha um poder significante, radical, tudo fica saturado de significado
Pode-se dizer: “mas isso é uma condição desejável!”. Não é, porque se tu és levado ao liminal e recebes o bombardeamento dos arquétipos sem saber como retornar ao espaço do ego, ao espaço da consciência de vigília, não liminal, tu começas por receber o poder dos arquétipos e daí a pouco começas a receber a influência da sombra. Isto é, o arquétipo em excesso destrói o consciente porque o consciente, em si, é uma adaptação do poder criador de um arquétipo às circunstâncias exteriores que ainda não são finais, isto é, há uma curva histórica enquanto que o arquétipo não tem curva nenhuma.
A capacidade de uma sociedade receber um arquétipo é extremamente limitada. A última vez que um ser canalizou um arquétipo a sério foi logo pregado numa cruz. Há um desfasamento entre canalizar directamente um arquétipo e a capacidade da sociedade o receber, assim como o nosso ego protege, filtra, regula o poder do sagrado.
O contacto com a força arquetípica é entrar em êxtase. Se há uma fusão entre o poder térmico do arquétipo e a psique, o êxtase (estar fora de si) fixa-se e o ser não consegue retornar à personalidade diurna, o arquétipo devorou o ego e isso é uma sombra.
Lembram-se dos Pink Floyd, dos Water Boys, a canção “Too high, too far, too soon, you saw the whole of the moon”? E o que é que aconteceu? Syd Barrett é muito LSD!!! As estruturas do ego ruíram e ele foi assimilado pelo mundo dos arquétipos.... O projecto integral, a construção do 2º e do 3º Adão ficou suspenso e ele ficou preso no espaço liminal, que é o que se chama “liminóide” ou “lunático”. Já não consegue vir para o quotidiano, está em constante ritual.
A nossa sensação é que isso é desejável, no entanto, o tempo histórico e o processo dialéctico das sociedades e da humanidade à nossa volta ainda não tem o poder de encaixe para um ser em constante ritual, digamos, seria Shambala nos Restauradores.
Mas podemos dizer: “Eu quero isso, quero entrar em liminal e não sair mais”. É aqui que entra o problema da autoridade espiritual.
As pessoas vão pedir para serem levadas ao liminal. Se tu és um companheiro de jornada, distraído e incompleto, levas a pessoa até ao liminal e depois deixa-la lá sem saberes o que fazer com ela. De uma maneira geral, as estruturas do ego são suficientemente fortes para trazer a pessoa de novo para a vida consciente, mas aí dá-se um pormenor curioso, é que, se as estruturas do ego são suficientemente fortes para trazer a pessoa da consciência mágica liminal de novo para a vida de todos os dias, mas se isso é trazer para trás, então o ritual foi destruído pelo próprio ego. O ponto é que o indivíduo tem que entrar numa consciência liminal, banhar-se num poder arquetípico e ser trazido de novo para a consciência do dia a dia, só que não pela porta por onde entrou, mas por uma porta glorificada de retorno à vida social. Todo o seu sistema energético foi regenerado pelo poder do arquétipo.
Uma autoridade espiritual contém 3 factores: 1º ser capaz de despertar em ti a sede do liminal e dos arquétipos, das forças sagradas puras; 2º Lavar-te a banhares-te nessas forças sagradas, o que implica que tu tens que acreditar profundamente nessa autoridade espiritual. Se ela não é para ti uma autoridade espiritual, se não acreditas nela, é completamente ineficaz ainda que o seja para quem está ao teu lado. Tem que haver um processo de fé para que ela te possa levar ao espaço liminal. Se não há esta fé o mundo dos arquétipos não é activado, não acontece nada, o ritual não descarrega força sagrada.
A autoridade espiritual contém o poder de encantar para dentro do mundo liminal. Por isso é que as pessoas vão todas ver o Dalai Lama, só que ele é uma “velha raposa” porque ao mesmo tempo que fala da desestruturação da psique está constantemente a coçar-se, a ver se os óculos estão desembaciados, a dizer que se não fosse Dalai Lama gostava de ser condutor de máquinas de obras... ou seja, está constantemente a entrar e a sair do liminal. Como ele sabe que está ligado a um poder arquetípico, que é uma encarnação, não neurótica, de um poder arquetípico que é humana, ele participa de um sistema de descarga de força. Se ele não fosse a criança escolhida, aos 15 anos estava neurótica porque ninguém nasceu para estar sentado numa almofada a tocar sinos. O sistema dos lamas é realmente extraordinário! Em 20 crianças eles dizem: “É aquela.” Se eles se enganam na criança, aos 11 anos ela revolta-se porque carmicamente ela não pode estar ali, e psicologicamente precisa brincar, jogar à bola... . A grande prova psicológica de que eles acertam é que aquele menino senta-se na almofada e está em equilíbrio a vida toda!
No caso do Dalai Lama ele tem que estar constantemente a descarregar a força arquetípica e a fechá-la como um diafragma.
Ele, de vez em quando, faz um esforço para parecer ridículo, que é uma coisa dos grandes monges que, estão tão próximos do arquétipo do Cristo, que estão constantemente a fazer esforço para parecer ridículos senão entra tudo em liminal.
Portanto, nós estamos a trabalhar o problema da autoridade espiritual. Tu levas um ser para o espaço liminal e acontece a participação num arquétipo (é a única forma da psique regenerar). No caso dos florais de Bach, o floral fixa a vibração de uma flor que é a manifestação de Devas e Elementais que estão ligados aos arquétipos, que, por sua vez, estão ligados à mente divina – é um download. As gotinhas actuam no inconsciente, na psique, no corpo astral porque há ali uma vibração arquetípica. É eu ir, sem grande ritual, buscar uma vibração que geralmente só se consegue através de um ritual. Por isso é que Bach insistia que um floral tinha que ser tomado em reverência, silêncio e com uma atitude solene para que a acção da vibração presente naquele líquido pudesse ser dinamizada pela consciência de quem o toma.
Um espaço ritual é um comportamento simbólico do qual tu investiste o poder de te transformar. Se há sinceridade, dignidade e autoridade espiritual, invariavelmente o mundo dos arquétipos responde e a psique alimenta-se da energia dos arquétipos.
Ex.: Temos um pai de família japonês que prepara e vende “sushi”, tem 4 filhos, participa da vida da comunidade, mas, ciclicamente, a psique pede cura. Pode ser que os grandes abatimentos da psique se dêem quando ele visita o monumento a Hiroshima/Nagazaki, pode ser que o que consome a sua energia psíquica seja a completa incomunicação com a esposa, pode ser que a crise de significado se dê quando ele lê as estatísticas de poluição à escala mundial. Este pai de família ciclicamente, põe uma faixa vermelha em torno da cabeça, pega no sabre e vai para a falésia à beira mar e, de 15 em 15 dias, ele fica 3 horas com o sabre no ar. Só é um ritual se ele puder ser a própria autoridade espiritual, senão ele não acredita no que está a acontecer e então precisa de uma autoridade espiritual, um mestre de sabre. É básico nos samurais a espada não sair da bainha, se sai, introje imediatamente em liminal, já não é ele, é o arquétipo de maneja a espada.
Se tu partes para um combate como o Sr. Ling e não entraste em liminal, morres, não és um guerreiro sagrado!
Só há dois tipos de autoridade espiritual: aquela em que tu investiste em alguém ou a tua. É a diferença entre a Era de Peixes e a Era de Aquário. Na Era de Peixes precisávamos de uma autoridade espiritual exterior, na Era de Aquário o nosso problema aumentou infinitamente porque agora, tudo o que tu acreditavas na autoridade espiritual exterior passou a ser o de acreditares na autoridade espiritual que tu és. E se tu recolheste o poder que investiste nas autoridades espirituais exteriores: igreja, hierarquias, guru, mestre espiritual, instrutor... que horror!! Isso é o ópio do povo!
O que nós fizemos foi retirar o poder da autoridade espiritual de tudo o que era autoridade espiritual. Resolvemos algum problema com isso? O nosso problema decuplicou, agora temos que ter a autoridade espiritual de libertar toda a potência que reclamámos às antigas autoridades espirituais. E se não acreditamos em nós mesmos o suficiente para sermos os hierofantes de nós próprios e levá-los para dentro do espaço ritual? Não adianta tirar o poder espiritual de um mestre, de um guru ou de uma hierarquia se não soubermos o que fazer com isso.
E se o teu ego está sempre a gozar com o teu hierofante? Se o hierofante diz: “hoje, na colina, eu, a espada e o arquétipo” chegas lá e o teu ego diz: “O que é que estás aqui a fazer? Vai-te embora”. Isto tem a ver com o problema da autoridade espiritual.
Então, tu tens este japonês que tira a espada... No caso do guerreiro todo o ritual de guerra é para que os guerreiros saiam do nível egóico e entrem num espaço liminal onde a potência do guerreiro cósmico desce neles. Como? Primeiro há um chefe e um xamane que te levam a autoridade espiritual, se eles dizem “desce”, desce mesmo, tem poder mágico sobre ti!
Se tu delegas autoridade espiritual num padre e ele te diz “masturbação é pecado, leva-te para o inferno”, aquilo tem um poder mágico sobre ti, podes ficar, inclusive, sexualmente bloqueado.
A questão da transferência da autoridade é extremamente séria porque ao transferires essa autoridade para alguém ou para um sistema (ex.: os lamas, os xamanes, os beneditinos, as clarissas, os rosa cruzes...), tu passaste a dar-lhes o poder de activarem os teus próprios arquétipos. A grande vantagem disso é que, se ele é um autêntico guru ou se os beneditinos são uma expressão do Cristo, activam os arquétipos bem e a psique regenera.
No caso negativo, o guerreiro índio quando desenterra o machado (toda a força psíquica da tribo está em torno do machado de guerra), ele, que não era digno de estar à vista do quotidiano porque era demasiado negativo, ao ser desenterrado, vem do mundo do inconsciente. Depois há a dança ritual, a dança da guerra, enquanto ele dança o ego vai cedendo passagem ao deus da guerra. Então, quando eles partem para a batalha estão possuídos pelo arquétipo do guerreiro, só que como a maior parte das batalhas começam no nível do ego, não é uma guerra santa. Mas o que se passa é que eles partem para o campo de batalha possuídos pelo arquétipo, já não é um ego a manejar a espada.
As artes marciais funcionam num espaço ritual, o indivíduo é levado a contactar uma potência e ele vai avançando, começando no branco, laranja, .... até que chega ao negro. É claramente uma iniciação progressiva no contacto com o arquétipo do guerreiro sagrado.
O que se passa com o pai de família japonês, quando ele vai para a falésia, põe a faixa, desembainha a espada, não é mais o fazedor de sushi, ele é o guerreiro sagrado. Se ele é a sua propria autoridade espiritual, o ego nem mexe.
Chama-se liminal porque é no limiar em que há a troca entre o ego e a consciência arquetípica que está por detrás da cortina. Tu és tomado pelo poder do arquétipo.
Como a nossa identidade é um tampão, se eu me identifico como Sacamoto, eu fechei o frasco da psique naquele plano. Quando eu vou para o nível liminal eu identifico-me com o deus da guerra, e todo aquele processo da espada está a fazer chover na psique, no sistema nervoso, na cognição, nos chacras, no corpo etérico, na aura, na mente, no astral daquele homem a força virilizante masculina do guerreiro sagrado. Ele tem que terminar o ritual em ritual. Tem que pôr a espada de vagar, desatar a faixa de vagar e guardar a espada e a faixa num sítio sagrado, lá em casa, para daí a 15 dias voltar a repetir. Se ele sai correctamente do espaço liminal, ele sai para Sacamoto, pai daquelas crianças, esposo daquela senhora, fartíssimo da sociedade, só que a energia do arquétipo circula nas suas veias, ele reconstituiu integralmente a estrutura do ego. Isto descarrega potência num grau imenso.
A psique não pode regenerar sem ser através de uma ressonância com o arquétipo.
Muitos rituais contêm posturas mas tu podes-te apenas sentar e não ser, mas, como isto é uma coisa que não se faz facilmente, existem N rituais que te põem em contacto com uma força arquetípica.
Nós falamos da fragmentação da psique arcaica em milhares de pedacinhos... mas quem veio reunir os pedaços desmembrados do corpo de Hórus foi Ísis, a Mãe Divina. Nós somos, hoje, Hórus desmembrados, a psique arcaica fragmentada em milhões de almas e a Mãe Divina – por isso é que ela está lá em Fátima (Ísis) – dizendo: “vamos começar a ligar para o Cristo cósmico”. É Ísis dirigindo-se à condição do Hórus, que é a psique colectiva fragmentada, chamando todos à unidade crística. É outra vez o mito do deus que foi desmembrado e que Ísis remembra (em inglês remember), é lembrar a imagem integral que éramos, já não no estado arcaico mas no estado pós histórico, isto é, o estado cósmico. É Ísis que faz a ligação das partes do Cristo cósmico futuro (antiga identidade arcaica), ela é a função recolectora de Deus chamando os bocadinhos de espelho de novo para reconstituir o Cristo cósmico, agora final, na luz total da consciência.
Nós temos 3 etapas:
– Crise pessoal produzindo esgotamento ou esvaziamento psíquico (este esvaziamento é uma condição sagrada)
– Entrada no liminal ou espaço ritual (descarga arquetípica vinda de uma força na mente divina que regenera a psique e, depois, serena, sóbria, e pacífica
– Saída do espaço liminal onde vamos distribuir amorosamente as forças divinas que chegaram até nós como uma consciência tridimensional quotidiana.
Autoridade espiritual é um factor exterior ou interior a ti que te seduz para o espaço ritual. Faz-te entrar no espaço ritual o que representa para ti uma verdadeira autoridade espiritual. Tu vives a experiência de nudez e há uma participação, uma comunhão, é o corpo e o sangue de Cristo. Ele disse: “Quem comer do meu corpo viverá eternamente, quem beber do meu sangue não mais terá sede”. É a força arquetípica a falar com a consciência e a anunciar-se como uma parte infinita de regeneração psíquica.
O grande “golpe” de Jesus foi encarnar o Cristo e não enlouquecer. A loucura e a santidade estão uma ao lado da outra, a única diferença é a humildade implícita na compreensão do processo divino.
O louco faz contacto com o arquétipo, se há elementos narcísicos implicados, dispara para a megalomania. Quantas pessoas há convencidas que são Napoleão? Sempre que há uma inflacção da ideia de poder, há ligação ao arquétipo e isso é mau, daí à loucura é um passo.
A autoridade espiritual tem que saber que quantidade, que intensidade, que vibração, que códigos, que movimentos, que mecânica ritual é a tua e quanto tempo é que podes estar no liminal. Depois é a mesma autoridade que te levou ao pedestal e te fez conhecer a ti mesmo como um deus... por isso é que um guru é fascinante porque ele leva-nos a conhecermo-nos a nós próprios como um deus. O falso guru é aquele que recebe o poder e não to devolve logo a seguir. O circuito ritual não se formou. Tem que saber quanto daquela exposição ao poder dos arquétipos é necessário quando a psique está cheia de energia e depois trazer-te são e salvo de novo para a estrutura do ego do lado de lá. O que aconteceu foi uma cura da psique.
Há seres que conhecem isto da vida profissional: Nijinsky; Nureieve; Bernstein: Herbert von Kareive. Um génio está sempre em contacto com o espaço liminal onde se dá a descarga dos poderes arquetípicos, por isso é que eles têm vidas, por vezes, tão desiquilibradas, porque a estrutura do ego não aguenta a constante impedância criativa que vem do alto.
Antes nós tínhamos o supremo conforto de investir num mestre espiritual porque não acreditávamos o suficiente em nós para nos auto reverenciar. Eu não tenho fé suficiente em mim para ser o meu mestre.
O problema da fé mudou de território, é muito mais problemática que antes. É por isso que nós ainda não entrámos na Era de Aquário do ponto de vista psicológico. Bem posso pintar centros espirituais de roxo, fazer meditação colectiva, mas o problema final é: que autoridade eu dou ao meu hierofante interno para me iniciar? Há auto reverência ou não? Se eu tenho reverência por mim mesmo eu consigo levar-me para o espaço ritual.
O que é que é um super herói? Batman, Super Homem, Homem Aranha, são traduções dos arquétipos na mente divina para a mentalidade americana imediatista, eléctrica, cocaína do séc. XX. O principal problema é que matámos a autoridade espiritual mas ainda não conseguimos chegar à nossa autoridade espiritual.
O que é a Hóstia? Ela sofre uma transubstanciação, ela não é mais farinha e água, ela é o Corpo de Cristo. Qualquer nutricionista diz: “é farinha e água”. Mas o padre diz: “era farinha e água, mas, pelo poder invocador da assembleia tornou-se mesmo o Corpo de Cristo”. A hóstia é uma ligação da matéria ao éter primordial.
Nós temos todo o direito de escapar ao controle das autoridades espirituais mas ninguém se liberta da velha igreja para ficar no liminal.
Como vocês estão a ser formados como sacerdotes da Ordem de Melkizedeque, eu estou-vos a dar a minha autoridade espiritual relativa, para vos seduzir para dentro de um espaço liminal.
Eu não tenho nenhuma dúvida de que vocês estão a ser formados, progressivamente, para operarem como sacerdotes/isas da Ordem de Melkizedeque essa é a minha autoridade espiritual. No grau em que vocês investirem esta informação específica neste tipo de emissor, isso vai sendo progressivamente activado em vós, aí, vocês vão ter a missão de ajudar os vossos irmãos. É chegar ao pé de um ser que é um fragmento da psique arcaica que esgotou o seu potencial, ajudá-lo a regressar do espaço liminal e ritualizar a sua existência por si. Ajudar o ser a encontrar o seu próprio ritual e utilizar a sua autoridade espiritual para servir a regeneração psíquica dele.
Nos corpos de Deus (que são 7) há um nível instrutor. Melkizedeque é uma entidade criada na mente divina, tal como o Adão primordial (psique arcaica) e os Michael (são os filhos paraíso, os criadores). Os Melkizedeques estão entre o Adão promordial e os Michael (são instrutores).
A energia crística vem da região Melkizedeque do Universo. Jesus Cristo era um Melkizedeque e, antes dele, abraão foi contactado por um Melkizedeque. A Ordem de Melkizedeque é uma frequência de ressonância cósmica de instrução superior, é como um sino que não pára de tocar. Há zonas do Cosmos onde ela se concentra mais – Sírius, Plêiades, Orion – e é a partir daí que jactos electromagnéticos partem para os planetas onde os Melkizedeques vão instruir. Pertencer à Ordem de Melkizedeque é integrar-se em corpo e alma a esse corpo ressonante de vibração de instrução. E só se chama MELKIZEDEQUE aqui em baixo o que significa em hebraico Justo, Pacífico ou REI DA PAZ
MELKIZEDEQUE – REI DA PAZ
Por André Louro de Almeida 23/07/2004
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