Os nossos corpos são constituídos essencialmente por substância vibrante, são matéria que vibra e eles não têm como se afinar por si, eles não têm aquilo que, esotericamente, se chama “princípio”, eles são o caudal mas não são a Fonte. Donde que, a passagem de um estado automático de existência para um estado desperto, implica que um ser encontre dentro de si o seu próprio diapasão, o seu próprio tom.
Existe um caminho em 4 etapas para encontrar esse som porque curar e ser são a mesma coisa, soar e ser é a mesma coisa, soar e curar é a mesma coisa e um dos trabalhos fundamentais hoje é a pessoa observar-se, invocar-se, recriar-se como um sino de cristal para o seu próprio som.
Para que um ser tenha uma vida mântrica, o trenário inferior precisa de se calar. O nível humano do teu próprio ser precisa de treinar o silêncio. Só quando o silêncio acontece no físico, na mente e no mundo emocional é que o 4º plano soa. Só que a afinação para o silêncio, um conjunto de hábitos em torno do silêncio começa sempre num pequenino ponto de luz no centro da mente. Depois da mente estar inundada de silêncio, e o emocional responder com o mesmo ponto irradiando silêncio, a luz do espírito envia mais uma sonda até ao etérico, e esse ponto no etérico gera cura do sistema nervoso em profundidade.
Para que um ser aceite a disciplina sagrada do silêncio ele necessita ter amor ao verdadeiro som e uma consciência matemática, lúcida, clara, de que o trenário inferior não é nada, não sabe nada, não vai para lado nenhum.
Este trenário inferior (físico, emocional e mental) são 3 anjos cegos mas quando chega o toque do mantra que vem de dentro de ti, e se este trenário inferior se deixa banhar pelo silêncio, então o mantra da tua alma soa.
Nós necessitamos de aspirar à luz da mente, necessitamos de focalizar uma purificação mental, cuidar que esta mente não seja um museu de coisas arcaicas e o que ainda é mais perigoso, de artefactos mentais de vanguarda, que são belos, úteis, dinâmicos, penetrantes, expansivos mas não são matéria dos 4º e 5º planos.
Este Homem altamente subtil, sofisticado, mental que colhe, por assim dizer, o fruto esotérico dos últimos milénios ainda não atravessou a porta do silêncio. Este homem e esta mulher do novo milénio tem de aprender a atrair para si matéria do 4º plano, que é uma radiação doce, altamente energética, viva, que se traduz, no plano mental, por silêncio. Enquanto nós não sentirmos que esta mente tem de ser entregue aos pés do rei interno, nós temos este imenso portal em ogiva azul cobalto que nos liga com esferas sagradas da Terra, esferas essas que na Idade Média, no centro da Europa, eram simbolizadas pelo unicórnio, pelo cisne, pela harpa, pela união em torno do cálice.
Estes símbolos de Lis correspondem a uma vibração que os nossos corpos querem aprender e a passagem entre a esfera do querer e a esfera do ser é através de uma membrana que transforma a matéria mental em silêncio.
É por amor que a mente muda de substância, nem sequer é necessário arrumar as ideias melhor ou pior, excepto se o indivíduo está de tal forma confuso, obscurecido, que ele precisa recapitular a luz da mente, mas se o indivíduo já passou as pestanas por essa luz mental, é o momento em que ele precisa de entregar a mente à transubstanciação.
Qual mente?
Trata-se de substituir um elemental da mente por um deva de um plano intuitivo. Fazer encarnar nesta mente uma sustância superior. E isto é algo que se vê, que se compreende e se eu vejo e compreendo, eu sou um candidato à transubstanciação porque quando esta mente é transubstanciada, quando eu coloco a mente no cálice e o elevo, o som, o código exacto da tua essência, que é tudo o que o mundo precisa de ouvir e é tudo o que o indivíduo precisa de ser, esse código exacto instala-se no Ajna, depois na Laringe, finalmente, no Plexo Solar.
A apetência para o silêncio, e o silêncio é Lis.... não se trata de arrumar a mente com o melhor ou o pior material porque quer o indivíduo vá para uma coisa como “Conversas com Deus” quer vá para uma coisa mais refinada como “As Chaves de Enoch” é o melhor material, mas esta mente é para mudar de substância, é para sair um líquido e entrar outro. O que significa que, sem qualquer recuo para o plano do obscurantismo medieval, para uma morte da mente, o indivíduo necessita de renunciar à mente porque isso é a chave dos planos luminosos que vêm de dentro: “Espírito de vida banha o meu sangue, espírito de luz banha a minha mente, banha o meu ser, espírito do amor banha a minha sensibilidade, banha as minhas emoções, espírito de vida banha o meu código genético”. Eu não sei que espécie de matéria mental extraordinária é que é necessário para fazer isto!
A transubstanciação da mente é um assunto muito delicado porque depende do amor a uma verdade ainda mais profunda do que toda a verdade que até agora foi possível conceber.
O indivíduo avança por amor a verdades cada vez mais profundas e a focagem vai-se dando progressivamente, até que, aquilo que ele julgava que era vago se torna definido e ele ama, mas para que o som do ser interno da alma se instale, estes corpos precisam de chegar ao silêncio e quando chegas ao silêncio, finalmente, ouves o som. E este avanço na direcção do silêncio faz-se por acréscimo de lucidez, duma lucidez quebra-gelos que avança no desconhecido.
A nossa alma está ansiosa por soar a sua palavra. O som da alma só pode ecoar na caixa acústica da personalidade e esta caixa acústica deverá ter-se transformado, nos próximos tempos, à medida em que tu avanças no teu caminho, nesse sino de cristal de forma que, quando a alma soa, tu libertas ondas cristalinas. Isto é uma coisa da inocência.
Nós precisamos encontrar uma elegância para a recepção do som que nós somos. É mais um processo de amor à verdade, amor ao que está além da cortina de ti próprio, de elegância na forma de usar a nossa humanidade. À medida que te firmas magneticamente nessa voz, é uma tomada de posse de camadas de vibração que agem sobre o éter à tua volta e que são a tua verdade, mas tem de haver um desassossego no psíquico, uma busca pela verdade além da cortina.
Estas 4 etapas são: comunicação; resposta; reorientação, união. Na união o teu som, a dimensão viva do ser transpira à superfície da personalidade e fecunda o mundo à nossa volta, mas a primeira fase, que é a fase de estabelecer uma comunicação com a alma é de grande humildade secreta.
Como é que se faz a comunicação com o ser interno? Como é que isto se torna vivo, real?
O ternário inferior necessita de se ajoelhar perante o quaternário superior. Isto é, os teus níveis: divino, monádico, espiritual e causal, este quaternário superior, é real que eles são impotentes na terra sem o ternário inferior (físico, emocional e mental) mas este nível trino precisa pôr uma impressão doce, persistente, cuidadosa, sistemática, vinda de ti mesmo sobre eles. Esta impressão doce é como carimbar-nos a nós mesmos a partir de dentro.
Espírito da luz invade a minha mente. Espírito da vida banha o meu sangue. Espírito do amor toma conta do meu cardíaco, do meu plexo solar, do meu astralismo.
Estas coisas, neste momento, já devem estar transformadas num murmúrio constante por detrás da consciência e ao mesmo tempo que tu devolves esta imensa solenidade receptiva, devolves um sentido de humor radical para com a própria personalidade. Actualmente as pessoas ficam muito solenes acerca de si próprias e desenvolvem um sentido de humor para com os Irmãos do espaço como se eles estivessem connosco ao pequeno almoço. É exactamente o contrário. Para com Eles e para com as radiações que vêm dos mundos superiores eu posso permanecer um “teen ager” e assimilá-las como algo a que eu tenho direito, mas isso não me dá acesso aos níveis superiores. A atitude de sentir os Irmãos como iguais a nós está profundamente certo e profundamente errado e neste paradoxo a pessoa tem de se saber movimentar.
Para que um indivíduo se liberte do controle da mente superior ele necessita de uma solenidade profunda para cima e na vertical e um sentido de humor quase yunguiano para com a minha própria personalidade
Então o que é que significa o som de um ser? Significa que uma vibração torna à mente e transmuta a matéria mental mas para eu receber essa vibração eu necessito cultivar silêncio e se o indivíduo está todo viciado no ruído planetário, vai doer! O silêncio dói porque ele é como álcool na ferida da personalidade.
Uma das invenções culturais mais interessantes de Lúcifer é que, quando tu és verdadeiro, não sobrevives e depois Jesus também não ajudou muito porque foi verdadeiro e pregaram-no numa cruz e depois as pessoas desconfiam do acto simples de ser ele mesmo, de ser o seu próprio silêncio, a sua própria vibração. Nós construímos, além da máscara necessária (persona), uma série delas para que o mundo não se aperceba da nossa própria verdade interna que é uma frequência, é um estado vibratório – é o fio da espada.
O silêncio tem a característica macia de ser um regenerador da psique, do sistema nervoso, mas tem a característica acutilante de “partir” a mente em duas, de dissociar a tendência conflitiva da mente.
Primeiro a mente é transmutada, isto é, as cargas mais densas vão sendo levadas pelos anjos e fica só a vibração mais subtil e, um dia, transubstancialisa. Eles levam a tua mente embora mas fica lá um espaço vazio para receber aquilo a que Saruma, o grande iniciado do centro da Argentina, chama “a mente cósmica” que é o encarnar do intuitivo e do corpo espiritual no cérebro.
A mente cósmica é quando a tua matéria mental, primeiro transmutada depois transubstancializada perde história planetária, perde o prana de que ela é constituída.
O problema de a pessoa aceitar a transmutação mental, sabem, Gandhi no fim da vida já não tinha absolutamente nada, tinha só 4 coisas: a túnica, o cajado, os óculos e uma caneta. Essa caneta indica que o processo de transmutação da mente ainda não tinha acontecido totalmente – era o intelectual ainda encarnado. Para que a túnica, o cajado e os óculos se vão embora, primeiro tem que ir a caneta.
O problema da transmutação mental é que tu ficas frente a frente com a tua divindade, não no seu sentido puro (que é a mónada) mas frente com a radiação directa da tua divindade e o problema disto é que, se o Cristo aparece, o anticristo também. Ninguém contacta com um sem contactar com o outro também. Isto é a sombra da mónada.
Enquanto nós temos uma série de cortinas estamos serenos no nosso processo, mas quando se perde a transubstanciação da mente, o impacto da radiação é cada vez mais forte e tu começas a ter que enfrentar o problema da grandiosidade. É que, da mente para cima nós somos cada vez mais vastos, mais majestáticos e os nossos núcleos internos navegam em oceanos de poder, inteligência e amor indescritíveis, o que nos protege disso é a nossa mente e, em termos subliminares, nós temos medo de ir para além da mente porque assim que tu vais para além da mente, a energia crística é tão directa que a anticrística é contactada pela primeira vez. Isto é, ao mesmo tempo que fazes contacto com o Sol fazes contacto com o dragão e é por isso que todos recuamos para a conchinha da mente.
Como é que isto se passa exactamente? É que, imediatamente antes da união com a energia crística que está no 5º nível, ela é guardada por uma sombra que a tradição esotérica chama “guardião de umbral” ou dragão e essa sombra está na 4ª dimensão negativa, isto é, acima da mente mas na sombra dessa dimensão e é a última prova antes que um ser possa ser completamente doado ao serviço planetário.
Essa sombra (guardião de umbral) reúne, primeiro, todas as forças involutivas que o indivíduo contactou ao longo da sua trajectória, que o indivíduo dinamizou, todas as energias densas que ainda fazem parte do elemental físico, emocional, mental. Essa entidade que está guardada no umbral antes da vibração directa da energia crística, e que é a entidade, em todos nós, que está a fazer a matriz cristóide (que é um projecto do governo secreto mas, para funcionar connosco, nós temos que ter a matriz cristóide em nós também) essa energia contrária não vai ser transmutada pelo indivíduo, tu entras em contacto com uma dimensão de acumulação das forças involutivas ao longo das encarnações. Aquilo está ali como uma força no final do contacto com a energia crística. Tu sais do plano mental e há uma invasão de grandiosidade, de poder, inteligência e luz, tu entras num estado de exaltação porque estás a ser directamente impactado pela energia da mónada através dos éteres superiores. Essa força anticrística vai usar a ressonância desse poder descendente no plexo solar (toda a luz e até mesmo o amor) e vai tentar fazer uma ligeira rotação para fora do centro e, JÁ ESTÁ, já não é energia crística. No entanto, não há caminho de retorno, nós temos mesmo que entregar a mente à transubstanciação e, depois, à medida que essas energias cada vez mais potentes vão entrando no teu sistema, o indivíduo deverá aprender a se manter completamente alinhado, quieto, centrado, sabendo que ele é um mediador do Cristo, do amor, da inteligência superior, mas ele em si mesmo, enquanto princípio evolutivo, não é nada.
O princípio evolutivo não é poder identificar-se com o princípio descendente, excepto quando o Cristo se instala completamente no ser – 5ª iniciação. O princípio evolutivo é a consciência, mais o ego, mais a personalidade, mais o plexo solar, é toda a tua história consciencial, isso não pode saltar para uma identificação directa com o princípio descendente. Se há uma identificação directa, o anticristo pode-se instalar. Nós necessitamos de aprender a mediar a mónada, a representá-la, a ser seus embaixadores, a irradiá-la.
Com a aproximação do corpo de luz de Sananda o nível causal e espiritual da humanidade inteira está a começar a incandescer. Estas identidades galácticas que são projecções holográficas dos criadores paradisíacos, têm campos tão belos e tão poderosos, que, à medida que se aproximam do planeta e interceptam a humanidade inteira, o intuitivo e o espiritual começam a aumentar o seu magnetismo, o que significa que não há nenhuma comparação entre o estado actual dos seres humanos e o potencial dos seres humanos há 100 anos atrás.
O poder seminal dos comandos estelares sobre os níveis superiores da nossa consciência é tão definitivo hoje, que a dificuldade está em continuar a ignorar isso.
Quando o indivíduo vê essa vibração supramental, quando ele acende, quando ela o inspira, então já pode pedir a transmutação da mente, ele pode pedir que as suas intensidades mentais sejam atenuadas em nome do Amor, desde que a sua consciência esteja ancorada para este nível superior.
Nós não pedimos transmutação da mente, nós não pedimos transmutação do emocional e muito menos do físico, nós ancoramos a consciência no nível superior e, neste nível tens este varrimento de Shamballa produzindo uma iluminação sobre nós.
Existe uma espiritualidade de cima e existe uma espiritualidade de baixo. A espiritualidade de cima tem a ver com todos os ideais que nos foram transmitidos na infância pelos nossos pais, pela religião oficial, etc.. Esses ideais criam uma espécie de padrão tão poderoso que o adulto é magnetizado nesse modelo.
A espiritualidade de cima consiste em receber um arquétipo dos planos superiores que se imprime em nós e nós aspiramos a ser aquilo que nos é enviado de cima.
A espiritualidade de baixo é quando nós descobrimos que não conseguimos viver ao nível daquele arquétipo.
Pelos nossos esforços, pela nossa capacidade e alinhamento, com a nossa disciplina ou sem ela, nós não conseguimos afinar com aquele modelo e é assim que nós atingimos a cura.
A espiritualidade de baixo começa no dia em que tu sentes que não consegues chegar lá. É no momento em que um ser não consegue avançar mais com as suas próprias forças, quando ele está vencido pelas sombras, que o divino pode entrar em cena.
Se toda a espiritualidade fosse uma espiritualidade de cima, nós recebíamos o modelo na infância e na adolescência e fazíamos um esforço hercúlio contra o instinto e outros factores até “arranhar” o modelo. Isto não existe. O que existe é o modelo e a espiritualidade de cima e ao mesmo tempo a espiritualidade de baixo que é: o divino lançando contra ti todas as sombras. Buda teve bem esta experiência.
Quando um indivíduo se apercebe que sem Deus ele não chega a Deus, então começa a espiritualidade de baixo – a palavra ocidental é “Graça Divina”.
Nós todos começamos o projecto espiritual como uma noção de um “nós mesmos” amplificado em Deus e isso impede o caminho. O divino está constantemente a lançar sombras sobre nós até qe o indivíduo se renda ao próprio divino. Quando das profundezas dele, ele chama pelo divino é que uma verdadeira relação com o Pai pode acontecer.
Se nós nos habituarmos a entregar à Fonte os obstáculos, seja dor, seja prazer, seja realização, seja frustração, medo, coragem, triunfo ou derrota, sombra ou luz, eu ofereço tudo isto. Não há nada em nós que seja indigno de Deus. À medida que vamos compreendendo que Ele é a aceitação incondicional que todos precisamos para sobreviver psicologicamente, então podemos começar a amar.
Quem não aceita um ser que nos ama incondicionalmente? Tudo o que nós não gostamos em nós o divino ama.
Esse Amigo Divino que está ao nosso lado, dia e noite, ao contrário do anjo da guarda, quando ele nos criou criou-te a ti mesmo individuado na eternidade com a vibração que nós temos. Ele tem o poder de transubstancializar, transmutar, fazer desaparecer, como por milagre, aquilo que nós somos resistentes a entregar. É possível acordar liberto, ficar leve de algo que pesa durante décadas de uma noite para o dia. Só que isto implica eu ter uma relação pessoal com o meu duplo na eternidade.
Espiritualidade de baixo é quando o indivíduo fica realmente espiritualizado pela impotência que lhe é imposta. Isto implica uma humildade secreta, uma capacidade de aceitação e de não se revoltar ou então de se revoltar, é igual, desde que tenha uma ligação com Deus é igual, só que nós consideramos que fazer ligação com o divino é falar com ele como se ele fosse um amigo... é que ao mesmo tempo que essa Entidade é infinitamente próxima, familiar e tangencial, também é esfíngica, enigmática, misteriosa, daí a necessidade de humildade.
Para que a energia central chegue eu tenho que encontrar uma posição de doce aniquilamento, um ângulo, uma flexibilidade para que esse centro chegue e se instale, e como Ele é o Rei, Ele espera com amor, nobreza e, Ele mesmo, com humildade.
A rendição sagrada para que Ele se possa instalar é a grande crise iniciática dos nossos tempos.
Por André Louro de Almeida 17/12/2004
Transcrição de Alice Jorge
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