(Uma reflexão sobre o estado final da evolução material)
(Primeira Parte)
Tudo o que é criado, tudo o que está sujeito ao impulso evolutivo, é impulsionado por algo. Este impulso evolutivo, este impulso Maior, este motor espiritual, que opera por detrás de todas as coisas, acima de todas as coisas e em todas as coisas, atribui uma natureza de aspiração a cada partícula do universo. Como se existir em profundidade, fosse aspirar. Como se viver em profundidade, implicasse aspirar, buscar, ir além dos limites conhecidos, das práticas já mapeadas, dos territórios que já têm mapa.
Quase que podemos dizer, que tudo o que vive tem um sonho. Tudo aquilo que foi impressionado pelo Poder da Vida sonha. E o sonho de toda a criatura, o sonho de toda a partícula assim impressionada, o sonho de toda a vida, é a Supervida.
Existe subvida, Vida, e Supervida.
E a experiência evolutiva, frágil ou majestosa, é um vector de inteligência do Universo, tentando elevar tudo à Supervida. Tentando guindar a Experiência Cósmica para além da entropia; para além da morte; para além da lei da morte; para além das limitações; para além da fragilidade inerente a toda a existência que ainda não se fundiu integralmente com o Espírito.
Esta inteligência do universo procura de novo suspender os mundos criados nas plataformas inefáveis da Eternidade.
A evolução natural é um poema da escalada da subvida para a vida, sonhando ser queimada pelo Fogo do próprio sonho. Isto é, pelo Fogo da promessa gravada no íntimo de toda a criação. Da promessa de que existe um potencial de Supervida.
No âmago de cada partícula do Universo, existe um código, uma presença de Fogo, uma presença irreprimível, que uma vez desperta não recuará nunca mais, para um estado de adormecimento, para um estado de anulação.
No âmago de cada partícula existente, cada átomo, cada célula de clorofila, cada célula do teu sangue, cada folha de uma árvore, cada vapor de água, cada molécula de vapor de água, cada ser humano, cada mónada, cada galáxia..., no âmago de cada partícula, existe esta gravação..., está gravada, está selada a promessa de Supervida. De que a vida tem o potencial para chegar à Supervida.
E esse potencial, esse calor oculto no âmago de toda a existência, essa mola irreprimível na direcção do Divino, como se disse, uma vez desperta, uma vez activada, uma vez reconhecendo a razão de ser do seu dinamismo, a orientação, a meta da sua existência, nunca mais adormece de novo.
Então a evolução natural é este poema da escalada da subvida para a vida, sonhando ser consumida pelo Fogo do potencial da Supervida.
Existe um plano na Mente Divina, que sustém a imagem perfeita para cada partícula cósmica. Isto é, para cada partícula que evolui no tempo, existe a sua contraparte na eternidade, o seu duplo eterno. Ou seja, existe um universo final, supremo, exacto, em glória, na eternidade.
E este universo é a representação virtual do fruto da evolução cósmica. Virtual, porque ele apenas se torna completo, quando absorver em si mesmo o fruto de toda a evolução cósmica. Isto é, o monumento dourado do final da evolução dos universos. Contudo, é uma autêntica representação, uma autêntica imagem - mais do que uma imagem: é a identidade Divina final dos universos evolutivos. É mais do que uma imagem!
Nós podíamos definir este universo eterno, paralelo, em glória, que contém o duplo eterno de cada partícula evolutiva, nós podíamos defini-lo como um Grande Atractor. Como um Grande Atractor, produzindo uma acção motriz de inspiração ardente, de devoção na sua irmã, na sua contraparte evolutiva no tempo.
O trabalho universal, o trabalho cósmico integral, consiste em proporcionar o universo evolutivo - esta massa infinita de força/vida/consciência - o trabalho cósmico integral consiste em proporcionar este universo evolutivo, que está no tempo, esta força/vida/consciência, para cima e para além, criando uma supermatéria, uma superforça, e uma superconsciência. Enfim, criando uma Supervida. E essa Supervida consiste numa relação perfeita, exacta, entre essência e um superveículo de expressão, um supercorpo, do qual nós conhecemos muito pouco por enquanto, mas é um supercorpo, feito daquilo a que Morya chama Matéria Lúcida - uma supermatéria, um estado final da evolução material, que liberta radiação. E este superveículo é integralmente digno do plasmar total da essência sobre si. É o veículo exacto, perfeito, para a recepção da essência.
E este superveículo, em perfeita ligação com a essência, a relação entre os dois, e aquilo que só é revelado, essa terceira característica que não é nem espírito nem matéria - porque estamos perante uma supermatéria, que revela, e que é a própria essência manifesta - este estado final da evolução material, esta terceira realidade, só é revelada no momento em que essa supermatéria emerge. Em que essa supermatéria é. Em que essa supermatéria ganha existência.
E no caminho para a realização dessa supermatéria - capaz de transpirar de uma forma directa, sem veículos mais, sem quaisquer veículos mais, senão o próprio veículo final, capaz de revelar de uma forma directa a essência - nesse caminho, o universo está criando uma superconsciência, uma superforça, um supersistema, em todas as coisas capazes de responder ao seu impulso. O universo está impulsionando para além, para cima, até que os universos evolutivos, os universos no espaço e no tempo - aquilo que nós podíamos chamar os Universos Alfa-Ómega - reproduzam no tempo, exactamente, a realidade gémea que está na eternidade. Ou seja: atingem o status vibratório que é sustido para cada partícula na eternidade. E quando os universos evolutivos reproduzem exactamente - notem, nós estamos colocando a tónica na palavra exactidão, precisão, resposta exacta - quando o universo espaço-temporal, os universos alfa-ómega, atingem o mesmo status vibratório, o mesmo status energético para cada partícula na eternidade, de cada partícula que está na eternidade, de cada contrapartícula sua que está na eternidade, nesse momento, o superveículo nasce! E assim, quando o status dos universos evolutivos for idêntico ao status da sua contraparte eterna, o tempo termina. Pois a sua função foi consumada.
A função temporal termina no momento em que o universo evolutivo se funde na sua imagem perfeita na eternidade.
Donde que, todo o universo criado procura a Supervida.
Todo o universo criado, em algum ponto secreto de cada partícula, aspira à Supervida. Porque no coração de cada partícula, como se disse, existe um túnel electromagnético, absoluto, que coloca essa partícula em relação com a sua contraparte eterna. Podemos dizer que o mistério do coração é justamente esse. O coração é a função cósmica de ligação entre partícula e contrapartícula. Isto é: entre partícula no tempo e duplo na eternidade. Entre existência e superexistência. Entre o ser temporal e o ser eterno. Ou seja, o coração é a função cósmica de ligação entre vida e Supervida. O coração é o órgão túnel/espelho de contacto entre estes dois universos: o universo alfa-ómega e o universo eterno.
Todo o universo criado procura a Supervida. Uma vida que é a coroa do esforço universal. Como se disse, uma vida sem morte, sem erro, sem entropia.
Todos nós, sejamos animais, sejamos plantas, sejamos pessoas..., todos nós, nós animais, nós plantas, nós pessoas..., todos nós aspiramos à Supervida. E nessa aspiração, tornamo-nos irmãos. Tornamo-nos seres muito próximos. Tornamo-nos seres realmente semelhantes.
Quando os golfinhos saltam no ar e voltam a mergulhar, sem um elemento de sonho e aspiração, sem uma mola oculta, isso não seria possível. Os golfinhos, sendo atravessados por correntes de vida muito intensas, dificilmente conseguem conter no próprio corpo a voltagem descendente que recebem. Então, os saltos que nós observamos são a sua celebração. É o momento de encontro entre a vida e a Supervida. É o momento em que aquela corrente de vida celebra o seu potencial cósmico, e opera para si mesmo o avanço na direcção da Supervida.
Trata-se exactamente da mesma coisa, quando os pássaros cantam em horas específicas do amanhecer ou do entardecer. Tal como o salto dos golfinhos, este tipo de cântico dos pássaros é a tradução de uma saturação energética.
Os golfinhos e os pássaros recebem hoje vertentes de vida, caudais de energia-vida, que eles mal podem conter no corpo. Estes dois grupos, os golfinhos e os pássaros, são a vanguarda do motor de Ascensão da Terra no reino animal. E porque são a vanguarda, eles estão sujeitos ao efeito propulsor da mola secreta da matéria. Da mola da explosão branca potencial no interior, no âmago da matéria. Eles estão sujeitos a este impulso de uma forma muito mais potente.
Então, tu tens estes saltos dos golfinhos, que não têm nenhuma utilidade, em termos de sobrevivência. Não têm nenhuma explicação zoológica linear. Então, tu tens estes saltos dos golfinhos e tens o cântico dos pássaros ao amanhecer e ao entardecer, como tradução de uma saturação energética.
No reino humano, isso revela-se pela Paz no Coração. Isto é, a Paz no Coração é muitas vezes o signo ardente da mesma saturação energética.
Então, ao entardecer, no fim do dia, tu tens esta Paz no Coração, e tens também a harmonia no teu Ser Psíquico, no teu nível Psíquico. Depois de um dia de trabalho intenso, sabes, um raio de Sol toca o teu rosto, e tu percebes que uma oração espontânea surgiu. Como se fosse um walk-in. Só que não é um walk-in. É uma oração. Uma oração espontânea surge no teu peito. E existe paz e harmonia nos teus níveis Psíquicos.
Nós estamos a referir-nos ao cântico de exaltação, isto é, ao cântico de projecção para além. Ao cântico que liga a nossa consciência às fibras ópticas dos Anjos. E daí, aos geradores primordiais: os Anciãos dos Dias, os Pais da Criação.
Este cântico, que nos alinha com os Pais superiores, com os universos de Fogo, começa em nós, por vezes, pela extrema privação da vida e da energia. Isso é o cântico do prisioneiro. Isso é um cântico triste à superfície, mas em essência, permanece um cântico de busca de liberdade. Ou seja, o homem, uma vez tornado prisioneiro - como no caso, por exemplo, dos escravos negros nos Estados Unidos da América, em outras épocas - esse cântico, que vem da extrema privação da vida e da extrema privação do direito à participação no banquete universal, esse cântico, esse clamar pela liberdade, é uma tradução psicológica, social, histórica, daquilo que é a verdadeira condição de prisioneiro do homem, no sentido macrocósmico, na qual é a Terra, é a Terra com a sua lei limitadora - pelo menos à superfície - com as suas restrições, que impõe uma prisão ao homem.
Então, nós, todos nós, temos dentro de nós um cântico de liberdade. Um cântico de expansão.
E esse cântico começa por ser um cântico de dor e de busca. No fundo, ele alinha-nos com os Pais Superiores, com os Dínamos Galácticos, com os Universos de Fogo.
E, assim como existe este cântico de saudade da condição real do ser e do seu potencial de ser Supervida, também existe o cântico de exaltação, de adoração. Que é um fenómeno da Supervida tocando a vida.
É um momento em que a promessa de um horizonte universal de Luz maciça, sólida, suprema, se irá plasmar nas águas da criação. Então, nós tanto temos este cântico de saudade do Divino, que é uma consciência da prisão relativa, da prisão planetária em que nos encontramos, assim como em paralelo, em qualquer momento, podemos saltar para o cântico de exaltação. Para o cântico de adoração. E aí, temos a Supervida tocando a vida. Isto é, é um momento em que a promessa de uma Luz maciça, sólida, suprema, se irá plasmar nas águas da criação. E portanto, à superfície e em profundidade no nosso ser. Isto vai acontecer. Isto vai-se consumar. É para esta eclosão final, em que a Supervida absorve a vida, é para esta eclosão final, que todos nós trabalhamos.
A celebração é o reconhecimento do contacto entre a esfera do Pai - a Supervida - e a esfera evolutiva - a esfera da Mãe.
O que caracteriza a subvida é a pulsação inconsciente.
Nós falámos de subvida, vida, e Supervida. O que caracteriza a subvida é a pulsação inconsciente.
A substância foi visitada. Uma voz quente de Fogo falou para dentro das câmaras de ressonância da substância universal. A substância teve a sua memória desperta num certo grau. Ela aprendeu a suspeitar da evolução. Ela está a subir a espiral gradualmente.
Este estado de pulsação e de ressonância inicial, é a subvida. Ou seja, a substância universal começa na subvida, começa a reflectir o conduto em espiral que a conduz ao Alto. Começa a aceitar o pacto do Fogo criador, em graus e coeficientes cada vez mais profundos. Mas a consciência não existe, exactamente. Existe uma pulsação semiconsciente ou insciente. Mas não, ainda, consciência. Então o que caracteriza a subvida é esta pulsação inconsciente. Este início de resposta ao Fogo criador.
Por outro lado, o que caracteriza a vida é a consciência.
A consciência pulsa ali. Há uma ligação consciência-substância. Há percepção de si. Há um ponto que observa e atribui valores à sua volta. Há um centro e uma periferia que está sendo assimilada progressivamente.
A subvida é uma celebração inconsciente da capacidade da substância responder ao Fogo criador.
A vida é uma celebração da consciência.
A subvida é uma pulsação. É uma celebração do ritmo. Do primeiro toque.
Mas na vida, a consciência está presente. É como se o Filho Cósmico, a Testemunha Eterna, se espreguiçasse, e começasse a receber as primeiras ondas de calor contínuas, vindas de cima e, a consciência deste Filho, diz eu. Ele tem consciência de si.
Então, na subvida, tu tens toda a busca de organizar um suporte, um veículo, para que a consciência possa eclodir. Isto tem graus, e é possível aplicar imensos sistemas diferentes para estudar este percurso.
Mas, num certo momento, a Consciência, o Filho Eterno, a Testemunha Eterna, consegue fixar-se na substância. E nesse momento, a substância, através da presença do Filho Eterno, consegue dizer eu.
Isto é: o conjunto Mãe e Filho tem consciência de si próprio. Tem consciência de si.
E nesta imensa progressão, o homem é um degrau. Ele é uma operação de comutação entre esferas cósmicas. O homem é um ponto de encontro. É no homem que a vida emergente aprende a sonhar com a Supervida.
O nosso sonho, em absoluto, no profundo, a origem de todo o sonho humano e o nosso potencial para sonhar, descende directamente do facto de que a consciência cósmica, isto é, o Filho Universal, uma vez se ligando à Mãe, começa a aspirar à Supervida. Isto é, uma vez a vida se estabilizando, uma vez as águas da criação tendo saído da subvida, ou da pré-vida, uma vez a vida se estabilizando, começa o sonho com a Supervida. Com a vida, além do que é a progressão natural.
E é no homem, que a vida emergente aprende a sonhar com a Supervida. Em ti, está a acontecer a todo o momento. É em ti, que a vida cósmica, que as grandes piscinas da criação emergente, evolutiva, aprendem a sonhar com a Supervida.
O teu sonho, o teu sonho com Mundos Radiantes, o teu sonho com Civilizações Avatáricas, o teu sonho com Mares de Fogo, o teu sonho com pássaros de inteligência suprema, o teu sonho com culturas finais, com formas finais de cultura Divina, o teu sonho, portanto, com Civilizações Superiores, é o Universo a aprender, a aspirar à Supervida. Está a acontecer em ti. Tu és o ponto de aplicação desse milagre. Efectivamente!
É no homem que o sonho ganha um poder real, efectivo, motriz. O homem é o portador da visão.
E, num certo sentido, nós somos anjos físicos. Centelhas Divinas, exprimindo-se através desta estrutura biológica.
Se nós estivéssemos a fazer, agora, um trabalho transcendente, estrito, diríamos: nós somos mónadas. Isto é, nós somos convexões de Deus. Mas como a preparação para a Ascensão da Terra implica uma compreensão metafísica do corpo - implica uma redescoberta ontológica do corpo, implica redescobrir o estatuto sagrado do corpo como uma esfera entre esferas sagradas, implica reaprender a amar o corpo metafisacamente - nós podemos também ver, que somos tanto mónadas, como os portadores de todo o passado cósmico.
O nosso corpo é uma biblioteca viva, uma base de dados viva, contendo toda a História Universal.
Nessa outra percepção de nós mesmos, nós percebemos que a função homem, é comparável ao estado de Ícaro à beira da falésia. Nós estamos à beira do desconhecido. Todos os dias temos evidências disso. Isto é, nós estamos à beira das possibilidades do Ser. Ocupamos um precipício ontológico. Este é o momento do homem.
E todo aquele que não está à beira desse precipício ontológico, que não chegou aos limites das possibilidades do ser humano, procurando um salto, ele ainda não é plenamente o projecto humano, porque ele ainda não desenterrou, do âmago do seu ser, o poder do sonho entre a vida e a Supervida. Entre as civilizações possíveis e as civilizações impossíveis. Entre as civilizações conhecidas, entre as culturas conhecidas e as culturas Divinas - as esferas de Fogo.
A função humana atinge o seu pico, frente ao desconhecido. Porque toda a massa universal nos preparou para sonhar com Deus. Toda a massa universal nos usa para sonhar com o Divino. Então, a função humana emerge, plena, plena de significado e atinge o seu pico frente ao desconhecido, porque, justamente, nós fomos criados como veículo - e o homem foi criado como modelo - para que toda a massa universal possa sonhar com Deus.
E essa é a nossa função: Sonhar Deus. Para cima, como aspiração; e para baixo, como serviço.
Então, o que é o homem?
Nós somos os responsáveis por manter o Sonho Universal. Isto, somos nós. É esta a nossa função.
E esta nossa função, de trazer a nós a síntese do universo, de trazer dentro de nós a síntese do universo, desde a grande explosão até hoje, isto é o que nós somos, se nos observarmos como uma entidade ascendente. Isto é, se nós nos virmos como um ser que evolui, nós trazemos dentro de nós a síntese do universo. Do universo evolutivo.
Nos encontros que temos desenvolvido em Lisboa, nós temos trabalhado muito no sentido de nos definirmos como seres cósmicos em serviço à Terra. Isso ajuda-nos a compreender o nosso sagrado desassossego. A nossa perturbação primitiva. A nossa busca de uma ligação entre o ómega e o alfa. Entre os estados superiores de onde vimos, e os estados plásticos onde vivemos.
Mas existe uma outra forma complementar de observar o homem. Isto é: nós temo-nos observado como mónadas encarnadas, como seres espirituais, tendo uma experiência física.
Mas existe outra forma complementar de observar o homem - que é a forma da Mãe.
Isto é, a forma da Entidade Feminina Universal, encarregada de arrastar todas as partículas, de novo, até ao Pai. Encarregada de espiralar, de recriar, de fazer evoluir todas as partículas, de novo, até ao Pai.
Porque, se a vida é o Filho - isto é, consciência que vai emergindo - a Supervida é a reunião final, da Mãe com o Pai. É a erupção do Pai nos suportes fornecidos pela Mãe. Isto é uma definição possível de Éden. Isto é, o jardim onde a morte não entra. Como vocês sabem, paraíso, é uma palavra que descende de paradesha, do sânscrito, que significa suspenso. Ilha. Liberto.
Então, existe uma forma Pai , de ver o ser. Isto é, um núcleo de Fogo exprimindo-se através de um ser humano; e existe uma forma Mãe de ver o ser. Isto é, aquele que porta o esforço, a síntese, a coerência, a coesão, e a informação do esforço universal, desde o princípio. Desde a explosão criadora à qual tu estás ligado. Porque há muitas explosões criadoras, mas tu estás ligado a uma.
E tu trazes em ti, ao longo da tua coluna vertebral, inscrito no teu sangue, inscrito nos metais raros, nos metais preciosos do teu corpo - como o ouro e a platina - inscrito na Geometria Sagrada com que as tuas células se organizam, tu trazes em ti, também, o Grande Livro da Mãe.
E nesta outra percepção de baixo para cima, tu funcionas como Ícaro à beira da falésia.
Isto é: atrás de ti, estão os mapas conhecidos, os territórios explorados... e, à tua frente, não há mapa.
Neste ponto à beira da falésia, como um vasto território desconhecido, sem mapa, sem linguagem, sem conceitos..., tu sabes que o universo segue naquela direcção que está à tua frente. Tu sabes que tu és responsável por fazer avançar a consciência para além daquele ponto.
Isto é: tu estás à beira da falésia, tens este vasto território desconhecido à tua frente, para o qual ainda não há linguagem, não há conceitos - tu sabes que a linguagem condiciona a consciência, mas como não tens consciência do que está à frente, não tens linguagem - e sabes que o universo segue naquela direcção. E que tu és responsável por fazer avançar a consciência para além daquele ponto. Isto é: tu tens todo o passado cósmico dentro de ti, atrás de ti, como património, como herança..., e tens todo o futuro cósmico à tua frente.
E nesse momento da consciência, tu és o próprio universo evolutivo.
Tu és o aspecto emergente da Mãe, enquanto divino na mente, emergindo da evolução da substância. Gerando o salto essencial. Sabes, o disparo sagrado. O lampejo criativo através do qual tudo se renova. E nós chamamos a este momento anterior ao salto, a consciência ardente.
Então observa: ser homem é estar à beira desta falésia, deste precipício ontológico, deste precipício entre o Ser e o Além-Ser.
E nesse momento, dentro de ti, se tu chegas a esse ponto vibratório - porque há muitas pessoas que nunca chegarão, numa vida, nesta vida, a esse ponto vibratório. Mas a porta está aberta para ti. A porta existe. O caminho até este ponto do salto existe. Outros o percorreram antes, e o deixaram consolidado para que, agora, um certo caudal da humanidade possa re-explorar até a esse precipício.
Tu estás aí nesse ponto, e, aí, tu tens dentro de ti como herança bioquímica, todo o passado do universo. Portanto, o universo usa-te como ponta de lança, como ponto incandescente da intenção consciente. E à tua frente, tens o potencial de recriação, de regénese, de renovação de todas as coisas. E tu estás aí. Nesse ponto. Existe este lampejo criativo em ti, através do qual tu sabes que tudo se renova.
Nós chamamos a esse momento anterior ao salto, a consciência ardente. É neste laboratório, que tu te tornas plenamente humano. E a função humanidade é como que a última chamada de esforço da Mãe Universal, na sua tentativa de elaborar o problema de fusão com o Pai. A função humana é o último momento no esforço da Mãe, na sua constante tentativa de resolver a tendência eterna para se fundir com o Pai. E essa fusão é universal. Ela é toda abarcante. O que eu quero dizer quando digo que é universal, é porque ela acontece nas partículas, nas galáxias, nos reinos..., mas ela dá-lhe uma definição individual, com os Mestres Ascensos.
Os Mestres Ascensos são uma expressão do casamento integral entre a Mãe, o Pai e o Filho. São uma implosão da trinidade. São implosão da triniddade e uma revelação do que resulta dessa Síntese final. Isto é o que define a Ascensção individualmente. Quando a trindade implode sobre si mesma, a Mãe, o Pai e o Filho tornam-se equivalentes. E é quando a Mãe, o Pai e o Filho se tornam equivalentes, que pode surgir o Superveículo - o Holóide. O veículo de Luz Lúcida, de Matéria Lúcida, de Supermatéria, capaz de revelar totalmente a Essência. Capaz de ser substancialmente a Essência.
Então, esta fronteira entre substância e essência não existe mais, num Mestre Ascenso. Para ele não existe mais, espírito ou substância. A divisão terminou.
Por outro lado, o que define a Ascensão colectivamente, é esta capacidade de responder à Supervida. A capacidade de uma espécie, de um povo, de uma cultura, a capacidade de um todo coordenado, responder conscientemente à Supervida. A capacidade de compreender qual é a função do homem e aspirar a dar o passo ardente. A dar o passo ousado. Mas, não só dar o passo ousado, como manter esse Fogo activo. Como manter essa irradiação viva, esse Fogo vivo, esse Fogo verdadeiro activo.
Sempre que houve ousadia no passado, a consciência expandiu-se.
Todas as histórias, todos os episódios, todos os momentos verificados na expansão de consciência, seja no plano tecnológico, no plano social, no plano cultural/artístico, no plano espiritual ou no plano iniciático, sempre que há ousadia, a consciência expande-se. E expande-se, para poder receber melhor os envios da Supervida. Na verdade, a Supervida é activa. Os Mares de Fogo são activos. Eles buscam impregnar toda a consciência aberta. Eles não têm a mínima tendência para nos abandonar. Eles buscam constantemente impregnar, saturar, a consciência aberta.
E o universo é uma experiência alquímica, na qual a Mãe, a responsável pela organização da substância, busca moldar a forma perfeita. O suporte exacto para a descida da Supervida.
O objectivo da criação é manifestar a Supervida.
Quando isso acontecer, como se disse, o tempo termina. Por enquanto, nós somos vivos. Mas não somos, ainda, Supervivos. A era em que estamos entrando, é uma era em que o esforço de evolução espiritual no planeta, é feito, principalmente, através da Mãe.
Existem planetas conhecidos à escala cósmica, como planetas de tipo UR, que têm a função de testar e de envolver a vida em muitas direcções: na direcção da biodiversidade, na direcção do refinamento dos sistemas nervosos, na direcção da ampliação de consciência, na direcção, portanto, da capacidade da substância captar o Divino.
Chamam-se estações Ur, porque são zonas do universo onde é colocado um vórtice de grande aceleração vibratória. Ou seja, uma Hierarquia, e uma cidade Sagrada oculta, que representa para aquele planeta a sua contraparte na eternidade.
Shamballa/Miz Tli Tlan, guardam a contraparte eterna de toda a Terra, e de todos os ciclos evolutivos terrestres. Em Shamballa/Miz Tli Tlan está guardado o ponto ómega da evolução terrestre.
A Terra é uma estação Ur, é um planeta destinado, portanto, a aperfeiçoar a matéria ao mais alto grau possível. Existem planetas imateriais em outros tipos de evolução cósmica, que não chegam a um grau de convexão, dentro da gravidade física, tão potente. Isto é, nesses planetas existe massa, mas não é uma massa com um grau de concreção como a Terra passou.
E por outro lado, existem planetas mais densos do que a Terra, mas que não têm funções de aperfeiçoamento das ligações, Substância - Verbo Criador.
Estações Ur são planetas que nascem para serem polidos como uma jóia, e para explorar o potencial da substância nesses vectores: biodiversidade, refinamento eléctrico, capacidade de fixar o Divino na substância, capacidade de revelar a vida Divina, supremo refinamento da consciência.
Estações Ur são, portanto, planetas que têm todas as condições para serem polidos pelas Hierarquias, até resultarem como uma jóia - se vocês quiserem, como uma safira, ou como um diamante. Uma safira planetária. Um diamante planetário.
No início, é sempre dada a oportunidade a um planeta de, num espaço de tempo muito curto, exprimir essa Supervida. Ou seja, a evolução universal é uma forma de transportar a vida de vaso em vaso, até à Supervida - que é a Vida Divina Imortal.
No início, existia uma raça que havia sido cuidadosamente preparada pelos Elohim, pelos Pensadores originais, para representar a Supervida num tempo mínimo possível. Isto é, havia uma raça original, uma primeira raça, que tinha sido preparada pelos Elohim, pelos Pensadores originais, para revelar a Supervida num mínimo de tempo evolutivo possível.
Quando o Pai gera uma estação Ur, como a Terra, Ele envia uma representante sua, que é descrita na Metafísica do Médio Oriente como Shekhina - a Presença. Shekhina, traduz-se em termos ocidentais por Espírito Santo. Quando o Pai gera uma estação Ur, Ele envia uma representante sua, algo que nós poderíamos definir como um Logos feminino, ou um aspecto feminino do Logos criador. Mas esta Shekhina, este Espírito Santo, tem poder presencial. Não tem apenas um poder iluminativo, tractor, revolucionário..., Ela tem também um poder presencial.
O que é que isto significa?
Que a Shekhina, isto é, o aspecto feminino de Deus, a Mãe do Mundo, tem uma parte sua, uma contraparte da sua vibração, capaz de se fixar na atmosfera do planeta e iluminá-lo por si.
Ou seja: Shekhina, pode-se tornar visível, conscienciada através dos sentidos, assimilável, como a Luz Divina nos éteres, preenchendo toda a criação. É a própria radiação do Espírito criador sobre o aspecto feminino, já plenamente fixada nos éteres inferiores da criação. Porque nos éteres superiores, esse é o seu reino por excelência.
E a Shekhina já esteve plenamente vibrando na Terra.
No início, a Presença Divina saturava a atmosfera. A atmosfera da Terra, no início, era luminescente. Havia uma Luz Sagrada no éter, no éter espacial, no éter geográfico. E as curvas de oxidação celular eram nulas. O que equivale a dizer, que toda a Terra viva era imortal. E toda a Terra, a começar pela raça residente, essa raça construída pelos Elohim para revelar a Supervida, toda a Terra era em Glória! Todo o planeta vivia aceleradamente, na direcção da Supervida.
Como a Terra atingiu um certo grau de refinamento na resposta à Supervida, ela tornou-se extremamente apetecível para certas hierarquias de mestres cósmicos, que tinham sido descontinuados do projecto do Pai. Digamos que nós poderíamos definir, como Hierarquias decaídas do projecto do Pai. E estas hierarquias implantaram na Terra um gigantesco sistema de controle, e cortaram o poder de diferenciação do nosso ADN. As principais antenas da Luz, que são as moléculas de ADN, foram desligadas. A capacidade do nosso suporte de fixar a vida, foi diminuída. E a Terra caiu em entropia. Tanto assim, que a entropia é vista pelos nossos irmãos Físicos, como uma realidade omnipresente. Como se tudo estivesse sujeito à lei da entropia.
Como estes deuses caídos se alimentam do medo, e da evolução colectiva, eles usaram as emoções como quem usa uma fonte de alimento para eles. De certa forma, sempre que nós nos deixamos manipular pelo medo, ou por emoções que não vêm do profundo, estamos a alimentar estas hierarquias descontinuadas. Estes pseudocriadores.
Na segunda parte deste trabalho, nós vamos ver de que forma - pelo menos até um certo ponto, porque tudo isto, no fundo, é apenas uma introdução - nós vamos ver de que forma, é que a Terra foi limitada, e a sequência através da qual a Shekhina, a Presença Divina no ar, a Presença Divina nos éteres, a Presença Divina totalmente instalada na Terra, a forma como a Shekhina, a Mãe do Mundo, se foi velando cada vez mais. Se foi excluindo da superfície da Terra. E, inversamente, a forma como essa matriz de controle colectivo, instalada pelos deuses caídos, pelas hierarquias descontinuadas, a forma com essa matriz se foi instalando, e foi desconstruindo o Paraíso Terrestre e, simultaneamente, limitando o homem.
UMA GRAVAÇÃO DE ANDRÉ
Janeiro de 2003
(Transcrição por Emília Simões)
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