Além das dificuldades e limitações que a falta de dinheiro produz na vida moderna, toda pessoa que não tem posses as deseja, é infeliz sem elas, inveja os que as têm e abriga grande quantidade de ressentimentos para com eles. Não está menos aferrada que os outros ao dinheiro e aos bens materiais. É psicologicamente escrava deles.
Por outro lado, uma pessoa rica que estivesse moral e interiormente desapegada de seu dinheiro seria espiritualmente livre, ou seja, um pobre de espírito. No entanto, nem mesmo essa liberdade interior, que é mais difícil de conseguir, constitui a completa solução do problema do dinheiro. Ele resolve o problema individual, permite ao homem estar em paz com a própria consciência e, desse ponto de vista, em paz com Deus. Ao mesmo tempo, nenhuma vida individual é isolada, pois todas elas estão entretecidas numa trama indissolúvel de relações familiares e de grupo, de caráter moral e pratico. Conseqüentemente, à libertação interior deve seguir o uso correto dos bens.
Esse uso correto só pode ser determinado mediante um claro conceito espiritual que mostre a verdadeira conexão existente entre nós, os demais e a Vida Una da qual somos parte. Do ponto de vista dessa Realidade, nenhum indivíduo pode reivindicar para si mesmo o direito à propriedade exclusiva de alguma coisa.
A real posição e função dos homens, como Cristo bem o disse na parábola dos talentos, é a de fiduciário de todas as posses e responsabilidades, com artífices do Senhor de todos os bens.
O problema espiritual e pratico é definido e focalizado como o da justa e sábia utilização de tudo o que se possui, incluído o dinheiro, para o bem coletivo, sem nenhum direito especial de posse privilegiada.
Forças psíquicas maléficas se formam, acumulam dinheiro e posses e ficam aderidas a eles. Esse fato é demonstrado, sobretudo quando se consideram, por exemplo, as conhecidas e sinistras influências que emanam de certas jóias famosas. Algo semelhante ocorre com cada espécie de posse material. O dinheiro constitui uma das principais causas das preocupações, das lutas coletivas e individuais e, em especial, da injusta distribuição dos bens materiais.
Todavia,, a verdadeira solução, o remédio efetivo é subjetivo. São basicamente individuais as medidas a serem tomadas. Em primeiro lugar, a busca do uso correto do dinheiro, com motivos claros e habilidade na ação.
Esse uso correto vem sendo um ponto de estudo e de provas para os que estão coligados com a realidade interna do próprio ser, uma vez que tenham já a capacidade de perceber as necessidades grupais e mundiais e sintam o impulso da alma para tentar supri-las.
Antes, porém, que uma pessoa possa ser realmente útil e integre algum plano para o bem da humanidade, é preciso ter feito algo para transcender o próprio desejo, a própria sensualidade e o próprio pensamento comum.
É que o desejo leva o homem a perseguir e a adquirir o supérfluo, a sensualidade o leva interpretar a vida de modo materialista e o pensamento comum o leva a seguir fórmulas, conceitos ou experiências anteriores, que muitas vezes de nada mais servem, pois o Espírito sempre se renova e não repete situações. A transcendência a que nos referimos é básica, e é ela que de fato permite o uso correto do dinheiro.
A segunda medida é a maneira, digamos, oculta de contrabalançar o que poderia ser literalmente considerado a “maldição” que pesa sobre o dinheiro. Pode-se chegar a uma purificação e redenção espiritual do dinheiro por meio do uso consciente da própria energia, de modo que se tornem inócua as influências maléficas. Consegue-se isso ao levar a cabo os próprios atos, com relação ao dinheiro, mediante um pensamento concentrado, elevado e animado por sentimentos justos.
É como se dessa forma o dinheiro fosse submetido a um tratamento de cura. Se um número cada vez maior de pessoas agisse desse modo, muitos problemas que não encontram solução externa e técnica seriam eliminados.
Isso poderá surpreender o leitor, já que nesta civilização estamos pouco habituados a outorgar importância à realidade e ao poder das forças subjetivas invisíveis. Mas, se quisermos ser coerentes com nossas convicções espirituais, não podemos deixar de pôr essa sugestão em prática.
Adaptado de obras de Alice Bailey e do livro O NOVO COMEÇO DO MUNDO de Trigueirinho.
Boletim de Sinais Nº 3 - pág. 10 julho a setembro de 1999
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