Amhaj

Para que possais trilhar a senda luminosa é preciso responder ao Chamado. Isso significa vencerdes provas, nas quais terão confirmado o vosso elo com a verdade e com a luz. Todos os seres, um dia, penetram essa senda e alcançam a Morada Celestial. Porém, eons se passam até que o ciclo se consume. Não vos intimideis frente ao mal. Não desafieis o inimigo. Não retardeis vosso caminhar pelo clamor do passado. A poeira dos tempos será lavada do vosso ser; novas vestes trajareis, e grande será o júbilo da libertação. Porém, nessa senda pisareis sobre rosas e espinhos, e devereis aprender o mistério do Bem. É tempo de justiça. É tempo de graças. Magnífico poder, o Irmão Maior se aproxima. Silenciai vosso coração e acolhei o grande amor. Tendes a Nossa paz.

Hierarquia

Wednesday, December 7, 2011

A Cura pelo Fogo Interno: As Mãos, O Olhar e A Voz I


          A consciência da relação entre a pureza, a transparência e o nível divino do ser.

1.

A transmissão da potência divina através do éter implica pureza. A consciência da pureza acontece através de um contato cada vez mais permanente e consistente com o nível Divino do nosso próprio ser.

A medida que o tempo passa e a estrutura psíquica de uma pessoa amadurece, pela simples força dos acontecimentos, dos episódios biográficos, das experiências de vida, o ser percebe que não se trata tanto de ter momentos especiais, momentos de união esporádicos com o nível divino do seu ser, mas que é a capacidade de manter contacto ao longo do tempo, a capacidade de permanecer conectado, que se transforma num desafio para um novo patamar ao qual sente necessidade de chegar. Realiza um contacto elétrico, metaconceptual, energético, vivo, ou seja, um contacto real com o nível superior do nosso ser,é uma porta que actualmente está francamente aberta. Assim, o desafio não é apenas realizar o contacto, mas permanecer nele sem ser gravitado excessivamente para fora.

E é aqui que a palavra pureza surge. A idéia de pureza relaciona-se exclusivamente com a transparência dos elementos que captamos no nosso interior e a transparência dos elementos que transmitimos. A pureza está directamente relacionada com a transparência.

Quando falamos de elementos estamos a falar da Terra, do ar, da água e do fogo. O trabalho da pureza e transparência dos elementos nos nossos corpos é importante porque Portugal tem estado sob a influência astrológica de Câncer e Peixes. No entanto, para que Portugal possa irradiar uma energia de Peixes real, iniciática, para que possa transmitir a energia de Peixes de uma forma transformadora e libertadora, de uma forma superior e precisa, terá que desenvolver nos próximos tempos a energia oposta e complementar que é a energia de Virgem.

E Portugal, como um país que também se identifica com a energia de Câncer terá de desenvolver a energia oposta, a energia de Capricórnio. Estamos a falar de um país que tem uma forte responsabilidade à escala planetária, em termos internos, porque contém os anti-corpos para o problema da actual civilização, em parceria com outras nações de natureza sacerdotal. E, porque também tem uma vocação profundamente Aquariana, Portugal terá de desenvolver a energia de Leão.

Ora, estas radiações só se tornam espirituais quando contêm o seu oposto, pois antes de conterem o seu oposto são apenas vibrações psicológicas: só quando a energia de Peixes contém Virgem é que se atinge o nível espiritual de Peixes; só quando a energia de Câncer contém Capricórnio é que atinge o nível espiritual de Câncer; só quando a energia Aquariana contiver a energia de Leão é que se atinge a vibração espiritual de Aquário – a energia que se torna uma radiação espiritual é a energia que nasce da síntese dos opostos.

Portugal desenvolverá, no sentido interno, a energia de Virgem, o que nos ajuda a compreender a presença da Virgem Maria em Portugal, sem porém esgotar o assunto.

Está a acontecer uma actuação deste poderoso catalizador da consciência superior; esta entidade mediadora exerce especificamente um trabalho de pureza, purificação e transparência sobre o problema da osmose, da fusão e da empatia que vibra ao nível dos sentimentos e das emoções em Portugal. Estas vibrações que actuam sobre milhares de pessoas simultaneamente através do denominador comum da mente e das emoções, são subliminares ao comportamento dos povos.

Uma das técnicas de adormecimento colectivo da nossa humanidade tem sido a mistura de vibrações, a deslocação de vibrações, a combinação caótica de vibrações. No interior deste fenômeno de distorção acontecem meias verdades, quase verdades ou verdades a 95%. Tudo isto são formas de atenuar, adormecer e aniquilar a consciência colectiva, formas fundamentalmente baseadas no ruído que turva a vibração cristalina. Esse ruído pode ser de natureza mental, emocional, visual, física, intelectual, comportamental, econômico, sanitário, etc. E é aqui que a palavra pureza nos interessa.

O elemento fogo, que é o elemento propulsor da vida, o elemento entusiasmante, criativo, vivificador e anti-depressivo, coloca-nos mais próximos da nossa realidade, da nossa verdadeira identidade. O fogo é o elemento dinâmico que penetra todas as coisas – é omnipenetrante – no entanto, o fogo tem dificuldade em penetrar numa atmosfera vibracional excessivamente misturada. A atmosfera física que respiramos na cidade é a tradução química da nossa própria atmosfera mental: respiramos fisicamente a nossa mentalidade, tal como mergulhamos fisicamente no caos das nossas próprias emoções.

Existem 3 instrumentos fundamentais de cura que correspondem à revelação da cura cósmica no ser humano. Estes 3 instrumentos de cura só o são na medida em que a pureza, a transparência, a vibração cristalina está presente nos nossos corpos, ao ponto do fogo omnipenetrante, o elemento ardente do universo, nos puder atravessar.

Esses instrumentos são: o olhar, a voz e as mãos, complementados por um quarto unificador: o coração, irradiados através da aura estabilizada em compaixão.

A medida que um ser faz a peregrinação possível na direcção de um mestre, observamos cada vez menos acessórios, cada vez menos suportes para a revelação do fogo, cada vez menos cristalizações do fogo, cada vez menos símbolos do fogo. O símbolo, sendo esta entidade magnífica que é, está presente nas nossas vidas na exacta medida em que ainda estamos distantes do contacto com o fogo vivo do espírito. Quanto mais longe do espírito mais símbolos existem na vida de um ser.

O símbolo funciona como uma espécie de baliza para a pessoa não se alienar da consciência de que é também espírito, de que tem em si um nível criatura e um nível criador, de que trás em si o piloto do Paraíso, o fogo inesgotável do nível espiritual do Ser. Esse piloto do Paraíso tem a capacidade de extrair o fogo vivo das altas esferas do universo, as correntes de sustentação sistêmica. Existe um horizonte terrestre que nós conhecemos bem e existe um horizonte em cima, a que os Anciões dos Dias e os AMUNA chamam de correntes de sustentação do sistema.

Estas correntes estão relacionadas com os Raios superiores da criação, com as super cordas que sustentam a criação e funcionam com um elemento Terra invertido. As correntes supremas que sustentam o nosso sistema evolutivo podem ser compreendidas como Terra, mas uma Terra invertida – enquanto que a Terra de baixo é estática porque é inerte, a Terra de cima é estática porque contêm em si um dinamismo alucinante. É uma Terra que vem depois do fogo – é perene, imóvel e inalterável como um diamante. Esta realidade não é consistente com a idéia de correntes, porque estas implicam dinamismo, mas é consistente com a idéia de sustentação, no fundo trata-se de uma imobilidade dinâmica.

Este nosso mundo, a Terra e por extensão o nosso próprio corpo é sustentado por uma outra Terra, a Terra Última, que é a inalterância da intenção divina aplicada ao todo planetário, e que se manifesta através de um fenômeno absolutamente sólido.

Entre estas duas Terras, as correntes vão-se transformando em fogo, depois ar, a seguir em água, depois Terra, depois fogo, ou seja, existe uma verdade não relativa: as correntes que sustentam o sistema e que nutrem os átomos e as células. Destas correntes de vida do sistema fazem parte o prana, os fotões, o calor, as proteínas, os afectos, a ternura, a intimidade, correntes de vibração pura, do qual tudo isso aqui em baixo é uma sombra. No entanto, são as mesmas correntes cósmicas que fizeram uma longa viagem ate serem transformadas em “clorofila”.

Estas correntes estáticas, de tão supremamente dinâmicas, são puras – esta é a real natureza da pureza. Puras porque nunca se misturaram de uma forma oposta ou distorcida em relação a intenção do Criador. Elas combinam-se sempre através de uma incrível elegância estrutural e cada coisa que vem a ser, é-o por uma mistura precisa e exacta destas correntes com o fogo, o ar, a água e a Terra.

O que vem turvas estas correntes de vibração cristalina é o ruído. Existe um plano científico e sistemático de injectar um som, um ruído na mente colectiva e na psique de forma a estimular as mentes, as emoções, de forma a estimular ao máximo as partes do ser que não são criadoras mas criatura. Este plano passa por estimular ao máximo o “ruído” no físico, no emocional e no mental – seja através de alimentos, de imagens ou sons – de forma a que as pessoas não se reconheçam mais a si próprias, não ouçam mais sua própria voz.

Esta constatação psicológica e sociológica revela-nos que toda a gente sabe muitas histórias mas já ninguém se lembra da sua própria história, como se as histórias dos outros servissem para se alienarem da busca da coerência e significado na sua própria história. Esta fixação na história dos outros torna-se uma fuga de si e uma desculpa para não se estar sozinho; isto porque não se é capaz de ter uma disciplina energética para cultivar o retiro, o silêncio e o alinhamento com os núcleos sagrados do nosso ser sem o qual a interação com os outros é uma forma de alienação.

O que acontece é que o universo acaba por trazer a sombra disto que é o isolamento não desejado e não construtivo. Esta amalgama de muitas historias o que faz é tornar opaco o cristalino, turvar a lente através da qual poderíamos ver com clareza a nossa própria história, compreender o seu ímpeto, o seu propósito, a sua função heróica e compreender também a indizível beleza que existe no coração – a isto podemos chamar “eugamia”, o casamento consigo próprio.

Estes ruídos constantes – psíquicos, emocionais, mentais e físicos – impedem que o cérebro (que é o nosso receptor do piloto do Paraíso) estabilize as radiações dos núcleos sagrados do nosso ser, pois está em constante agitação e assim, em vez de assimilarmos criativamente o mundo é o mundo que nos assimila a nós. Este ruído vibracional interessa a muitas forças porque turva a consciência, impede que as pessoas se sincronizem vibratoriamente.

Todo este ruído vibracional de que temos estado a falar faz parte daquilo a que podemos chamar uma batalha mantrica.

A tarefa de Gabriel tem sido pouco aprofundada, conhecemos melhor a energia do Arcanjo Mikael que está ligada a verticalidade e à estabilidade que religa o Céu e a Terra.


O primeiro acto criativo, para além da definição divino-mental dos padrões matemáticos, das calibragens da energia-força, aconteceu quando Cristo-Miguel com a sua consorte cósmica, geraram o seu primeiro SER, o seu primogênito: Gabriel.

Gabriel é a primeira criação com personalidade, a brilhante estrela matutina, ou estrela da manhã. Tem este nome porque foi a primeira personalidade com voz emanada pelos criadores locais, o que representa não só o paradigma da evolução humano como a pureza do conceito divino absoluto para a nossa criação relativa. Nesse sentido Gabriel é a personificação do horizonte de eventos colocado em movimento pelo par Elohim.

A brilhante estrela matutina, primeiro filho das mentes divinas e divinamente coordenadas de Eloham,e Eloha conhece a mente dos Deuses e a personifica como o Senhor da Voz, o livro vivo, o Verbo Generativo, expressão directa e primeira diferenciação pessoal do plano dos deuses locais.

O nome hebraico para a fala de Deus é Gabriel. É apenas um nome, pois sabemos que os nossos hierónimos – nomes sagrados – existem para zonas espaço-temporais limitadas. Nos planos superiores estes seres tem, geralmente, hierónimos diferentes. Gabriel chama-se também a brilhante estrela da manhã, porque é no amanhecer da Criação que surge este conceito puro que é o arcanjo primogênito.

Gabriel é aquele que guarda o Som, a Voz e a Ressonância do sagrado, daí estar associado à música como portadora de um alto conhecimento.

O som e a voz neste contexto representam a capacidade vibratória do chakra da laringe de repor a vibração original em todos os elementos – físico-terra, emocional-água, mental-ar e espiritual-fogo.

A actual guerra mantrica é, em síntese, uma batalha entre o ruído vibracional de uma civilização de fragmentação e a ressonância pura de Gabriel – nos 21 Arcanos Egípcios do Conhecimento, o sistema de Rá, existe uma figura, o Julgamento, na qual corpos saem de túmulos, caixas pretas da entropia universal, pelo poder do chamamento das trompetes de um anjo: essas trompetes representam a fala de Deus.

Gabriel é uma personalidade divina angélica, existe como personalidade, é interactivo com o nosso coração, o que significa que como personalidade Gabriel contém uma proximidade com o interface humano. A energia de Gabriel é azul lilás claro e branco, esta tonalidade é um símbolo da voz purificada, da ressonância que repõem a vibração original, Gabriel é o autor das teofanias e das comunicações entre Deus e os homens.

Quando dizemos que existe uma guerra mantrica, estamos a denunciar o fato de que existem uma série de factores – reacções, pensamentos, emoções, mecanismos – que geram “noise”, ruído. Isto não é um preconceito contra o ruído, pois existe o ruído artístico da arte ou da musica abstrata que é muito bem-vinda. O que nós estamos a falar é de um ruído vibracional que cria uma camada opaca que impede o contacto com a vibração cristalina, sem que muitas vezes nem nos apercebamos dele.

A batalha mantrica está a acontecer porque as forças involutivas estão a fazer descer a sua camada de opacidade, um mantra de chumbo e de plástico que turva a consciência das pessoas. Esse som obscuro vai-se espalhando por todas as coisas, tornando a consciência dos seres impermeável ao nível cristalino onde os pensamentos, os sentimentos e as acções estão ligados com a pureza e a transparência que emana do nível sagrado de si. Essa camada opaca vai plastificando as pessoas, fazendo com que funcionem cada vez mais como sistemas não mediados pela consciência e respondendo de forma automática: “input-output”, como maquinas, agindo de forma cada vez mais condicionada e previsível.

Desta forma, o laboratório humano está a perder amplitude e hipóteses de experiência, está a transformar-se numa espécie de farmácia de produtos acabados. Quando na realidade a Humanidade é um laboratório onde deus quer que correr riscos, é um espaço do ser onde o Divino quer correr riscos criativos, riscos de vida, riscos de investigação. Mas esta plastificação normalizadora en-volve a humanidade e o único elemento, a única arma de luz são os 3 elementos – a voz, o olhar e as mãos – que funcionam como canais para a transmissão das correstes de sustentação do sistema. A voz, é a nossa função mantrica; o olhar é a nossa função yantrica e as mãos são a função humana de contacto entre a radiação e a matéria.

À medida que o ser avança cada vez mais existem menos acessórios, menos suportes, para a transmissão da radiação sagrada. Um mestre por exemplo, não se apóia em nada, pois alcançou um nível elevado de pureza e de contacto com o Espírito. Os símbolos, tal como um medicamento são suportes, ritualizações, indícios da medida da distância que existe em relação ao espírito. As escadas para Deus têm muitos adornos ao início, mas os últimos degraus não têm nenhum adorno, não existe nada físico, emocional ou mental que a pessoa possa agarrar.

A purificação consiste numa síntese vibracional suprema em que a substancia é elevada à vibração do espírito e não o contrario. Os adornos e os símbolos, a linguagem, as teologias, os ocultismos e os esoterismos são uma memória de Deus e do Paraíso. São o Paraíso e Deus reflectidos num espelho, são um reflexo, como um suporte no mundo sensível que fotografou momentaneamente uma eternidade.

Portanto, quando avançamos estes adornos vão desaparecendo e fica apenas um espaço pleno de um fogo branco azulado, energias angélicas e arcangélicas inteiramente libertas de qualquer símbolo – a isto chama-se experiência de fogo.

Neste sentido, quando nos aproximamos de um grande mestre, por exemplo Sri Aurobindo, não há nada de explicitamente curador, são as mãos, a aura, o olhar e a voz que transportam o fogo vivo das correntes de sustentação do sistema para dentro dos nossos próprios sensores.

A nossa Mónada, o piloto paradisíaco, têm uma série de ramificações que são capazes de captar e fazer convergir para o interior de um ser, as próprias correntes de sustentação do sistema. As mesmíssimas energias que agüentam os mundos nas suas órbitas, podem irradiar pelos nossos olhos, pela ressonância da nossa voz, ou seja, a impecável calibragem arcangélica do real pode ser emanada através destes três grandes instrumentos de cura. A cura começou com o olhar, com a voz e com as mãos. Estes são instrumentos arcaicos pois estão disponíveis desde o início, atravessaram os tempos, são intemporais. Eles transmitem directamente o fogo sagrado na exacta medida em que estamos em sincronia com o nosso ser interno.

A purificação está directamente relacionada com a transparência da corrente, com a sintonização entre a forma e a essência. Um ser é puro na exacta medida em que a influencia principal do seu ser vem do nível espiritual. Um ser é puro na medida da transparência das correntes que atravessam os seus corpos.

A voz humana, tal como o olhar, têm sido alvo das forças involutivas, através de um formato de excessiva adaptação ou distorção. A nossa oralidade foi distorcida e temos uma imensa dificuldade em recuperar a dimensão cristalina da oralidade. A voz espiritual de um ser, uma voz cuja ressonância está radicada na alma e nos níveis profundos, sofreu uma espécie de exílio. A nossa voz, de uma forma geral, é ou excessivamente social ou excessivamente intimista, parece não haver um registro intermédio. É uma voz reactiva, muito voltada para a defesa, a explicação e a justificação de si. Ora através do centro laringe, o instrumento físico da ressonância, é possível a voz transportar, primeiro a energia da alma, a seguir a energia do espírito e finalmente a energia dos níveis de sustentação do sistema, as correntes criadoras supremas. Estas correntes manifestam-se através dos 5 Raios superiores – sincronia, expansão, transfiguração, comunicação e libertação cósmica.

Nos próximos tempos a Hierarquia precisa energizar, num nível muito sério, o potencial de transmissão do nosso olhar, da nossa voz e das nossas mãos. No entanto, esta activação não é algo que aconteça quando nós queremos mas algo a que devemos estar muito atentos para permitir que a distância entre o espírito e a rede vibracional dos corpos diminua. Para este trabalho acontecer é necessário que estes três instrumentos sejam profundamente purificados e sincronizados com o nível espiritual do ser.

Existe um tipo de olhar passivo e receptor, que serve apenas para criar imagens no córtex cerebral no qual a energia dos fotões entra e acumula sem voltar a ser transmitida. Mas existe também um olhar emissor, criativo, curador, um olhar que para alem de receber energia, transmite-a. Quando este tipo de olhar acontece, acende-se aquilo a que chamamos brilho no olhar, estamos conectados com o corpo de Luz e o brilho do espírito manifesta-se transbordando através do brilho do olhar. Quando compreendemos que o nosso olhar pode passar de reactivo a criador isso transforma-nos, cria efeitos profundos no nosso ser. Muitas vezes as pessoas aproximam-se umas das outras apenas pela qualidade do olhar, a pessoa sente que precisa daquela qualidade de olhar, pois quando olhamos um ser em serviço, os problemas começam a desaparecer.

O que está a acontecer, nestes momentos, é que está a operar um fenômeno de ressonância vibracional através do olhar que cria um envelope de consciência divina em torno do outro. Nesta altura pode acontecer uma luta entre o olhar e a dúvida e se esta última ganha terreno, deus traz os emissários do olhar, que se manifestam através de um estar interior límpido e intenso, que ao cruzar o nosso olhar, dissolve todas as dúvidas espirituais.

A nossa voz tem sido uma entidade fundamentalmente marcada pela resposta reactiva; durante muitas horas por dia, a voz está transformada num aparelho de identidade mínima, porque só exprime dois registros: o registro social da distância e o registro oposto da intimidade; no entanto, existe um terceiro registro da voz que precisa ser revelado e manifestado.

Sabe-se em psicologia que o essencial da comunicação não é transmitido pelas palavras, mas pelo timbre, o som, a ressonância da voz.

Tal como foi dito, estes instrumentos são simultaneamente arcaicos, arquetípicos e eternos na transmissão do fogo vivo do espírito – este fogo significa o elemento que remove a dor, a dúvida, a hesitação, a inércia, a angústia.

A potência transmutadora do fogo é tremenda porque é ele que está ligado à Terra superior, à inalterância das correntes que sustentam o sistema. Quando canalizamos estas correntes de sustentação do sistema através do olhar, do coração, da voz e das mãos, são as próprias correntes que se imprimem no receptor e dissolvem obstáculos, resistências, medo e dúvida. Não se trata de um processo de iluminação por argumentação, a iluminação acontece porque a dúvida e o fogo não podem conviver ao mesmo tempo – a pessoa tem de escolher ou fogo ou dúvida, e quem diz dúvida, diz medo, depressão, angústia, tristeza, etc.

O que estamos a estudar é o processo ligado à acção interna de Gabriel através das grandes armas do fogo do espírito – o olhar, a voz e as mãos. São olhares de fogo, pois devolvem-nos instantaneamente – sem linguagem, sem construção, sem processo – quem somos, permitindo-nos recuperar a nossa dignidade, a nossa localização real no universo, a memória de onde viemos e para onde vamos.

A Hierarquia precisa que o fogo sagrado regresse nestes três níveis, transborde através destes três canais. É preciso que o nosso olhar deixe de ser reactivo, passivo e escondido e se torne criador, vivificador quando é necessário. O paradoxo é que não se consegue transmitir o olhar do espírito se se estiver em dúvida para consigo mesmo e por outro lado não se consegue sair da dúvida para consigo mesmo enquanto não se transmitir o olhar do espírito.

A transmissão pura do olhar, de pessoa para pessoa, é um exercício que pode ser feito a dois, em que um se torna receptor e o outro emissor. O que é pedido é que através do olhar transmita aquilo em que acredita e ponha de parte aquilo em que não acredita. É preciso não se esquecer que as dúvidas são importantes pois humanizam-nos e ajudam a criar a qualidade das nossas certezas, no entanto na terapia pelo olhar é pedido que o ser sintonize o seu nível de luz e transmita aquilo em que acredita. E aí a glória das correntes de sustentação do sistema, a coragem, a alegria, a expansão, a sincronização e a fidelidade transbordam numa corrente plena e viva que é transmitida à aura do outro ser.

O que está no fundo a acontecer é que, na exacta medida em que o outro está a receber a radiação do nosso corpo de Luz e as correntes de sustentação do sistema, está a ser abençoado pelas energias superiores que se transmitem através do olhar. Este exercício pode ser feito a qualquer momento, basta a pessoa conectar-se com a zona da certeza no âmago de si e quando está a transmitir as energias superiores, ela própria é curada pela intenção pura de curar o outro; é curada pela própria força que está a doar. Tudo o que damos, damos a nós próprios primeiro. Todo o Amor que partilhamos é o amor que damos a nós próprios também. Nunca se perde o que demos e a única forma de darmos a nós próprios é libertando-nos, doando-nos aos outros. Um ser que se dá inteiramente aos outros, deu-se inteiramente a sim próprio. O auto-conhecimento passa solenemente pela capacidade da pessoa se doar totalmente, porque tudo o que damos em espírito fica connosco para sempre.

A grande tradição guru/discípulo é uma tradição cuja transmissão da corrente passa essencialmente pelo olhar, mas também pela voz, pela escrita ou pela palavra. Reconhecemos um mestre pelo olhar integrado ao corpo de luz que recebe e transborda as correntes de sustentação cósmica.

À medida que o olhar é activado, a acção interna de Gabriel ficará cada vez mais próxima de nós para nos ajudar a compreender que quando a corrente ígnea descongelante do olhar desce, revela-se a pureza, a transparência, a vibração cristalina do ser.

A pureza emerge do indivíduo aspirar a transmitir essas correntes de sustentação do sistema, com todo o seu amor e sem nenhum interesse próprio que não seja tornar-se, ele próprio, corrente. Chamamos pureza ou energia de Virgem quando existe uma precisão de transmissão entre a fonte e o ponto de chegada e quando a substância está plasticamente adaptada para uma retransmissão pura da corrente. O nosso corpo físico é puro na medida em que é plástico à sua própria metafísica.

Se um ser progride como curador, tem de avançar como mestre e à medida que avança como curador e como mestre terá de avançar como amante, como sábio, como filósofo.

É perfeitamente natural que neste processo evolutivo de purificação, um instrutor comece a escrever menos, um curador use cada vez menos suportes e os mestres comecem a entrar em síntese.

Chama-se Síntese o percorrer todo o percurso que cria consistência e maturidade até ao ponto em que o Ser e a energia são Um; nessa altura dá-se a corporificação da energia e esta já não precisa chegar de forma doseada e condicionada através de certos formatos e suportes. A Síntese dá-se quando a consciência e o espírito se fundem e o ser se torna Uno com a energia.

A Hierarquia procura transmitir as correntes puras do sistema através das nossas mãos. Existe todo um leque iconográfico em torno do culto Mariano, no qual postura das mãos complementa a imagem sagrada como um todo: Maria tem as mãos abertas e simétricas, não existe nenhuma eloqüência gestual mas somente a procura da pureza vibracional que transborda através da simplicidade das formas.

As mãos correspondem ao elemento Terra, o coração ao elemento água, a voz ao elemento ar e o olhar ao elemento fogo. Quando um ser capta e retransmite a energia destes quatro elementos, se tem uma consciência unida ás correntes superiores, pode aceder à imagem sagrada do Paraíso dentro dele – a “Civitas Dae” – a cidade sagrada impressa no interior de cada ser.

Deste centro que é a Árvore da Vida, do centro da árvore da vida no nosso coração, saem quatro rios – o rio da Terra pura, o rio da água pura, o rio do ar puro e o rio do fogo puro. Estes rios contêm a capacidade de recanalizar os elementos puros sob a forma de vida que se chama Pureza; esta é a condição de dar Vida, a vida só se transmite em pureza. A pureza é a vontade de chegar à origem das correntes, de chegar à origem desta cidade celeste que está impressa no interior de nós.

Seguir o caminho até encontrar a entrada que dá acesso à árvores da vida, onde estão as quatro fontes – Terra, água, ar e fogo – em estado puro, é o sonho interno e divino de cada ser mas se nesta busca começa a misturar desejo pessoal envolto em egoísmo, estes elementos puros começam a ficar poluídos e desvirtuados da sua essência. O ponto essencial é entrar numa visão do Paraíso socializada, total, para tudo e todos. Cada ser só se vai sentir realmente bem quando se dedicar ao bem comum. De uma forma geral as pessoas pensam que andam à procura da felicidade mas o que realmente procuram é o nível de identidade que confere bem-aventurança – o nível mais alto da felicidade. A bem-aventurança acontece na realização espiritual do ser e na sua dedicação afectiva aos outros. Não tem nada a ver com altruísmo, não é uma dedicação frágil e idealizada, nasce quando uma pessoa recebe internamente que dedicar-se aos outros é uma conseqüência de estar ligada ao fogo.

As correntes de sustentação do sistema, convergindo e agindo através da nossa Mónada, são um íman que atrai para si o fogo da sustentação dos sistemas.

As mãos, o olhar e a voz são os pontos de convergência, os canais de transmissão dos novos curadores cósmicos, seres que combinam essencialmente lucidez, verticalidade, sinceridade e vocação para conectar e transmitir as correntes puras do paraíso, misturando-as aos quatro elementos –Terra, ar, água e fogo. A pureza está ligada à capacidade de ir à origem da corrente em vez de apanhar os elementos já todos misturados pelo processo de estadia na Terra.

Gabriel, o senhor do som, é o arcanjo, a brilhante estrela matutina, que trás consigo um mandato para purificar, restaurar a vibração original na oralidade humana, no olhar humano, nas mãos humanas.

Este purificar significa tornar transparentes as correntes do paraíso transmitidas pelos olhos, pelo coração, pela voz e pelas mãos para que as correntes perenes paradisíacas, que sustentam este sistema em que estamos, possam usar o nosso ser como canal para uma transmissão.

Portugal está em plena Iniciação neste momento e uma parte fundamental dessa iniciação é a descida da vibração cristalina das estrelas às nossas mãos, a descida da energia ígnea ao nosso olhar, a descida da ressonância pura de Gabriel à nossa voz. A voz tem de ser menos socializada durante tanto tempo e menos remetida para a intimidade absoluta. Temos de encontrar um terceiro registro da voz, a voz da autoridade espiritual – a voz, a ressonância de Gabriel que vem das estrelas e que cura pela absoluta impecabilidade da inteligência sônica do universo. Um dos mantras ligados a purificação da nossa oralidade e do centro da laringe é o mantra de GabrielHossanah – que significa amplitude, majestade. Hossanah é uma palavra angélica e se fosse traduzida diretamente seria abertura dos portais. O som Hossanah está ligado à activação ígnea da nossa garganta.

O mantra Sharin está relacionado com a activação do coração na sua amplitude sideral, reflectindo-se nas mãos.

Uma das formas mais simples de trabalho seria entoar o som sharin e colocar as mãos no coração, de forma a que este possa activar as próprias mãos.

Este trabalho é a conseqüência natural de descobrir o fogo do espírito e ser fiel e sincera em relação a esse impulso profundo do ser. Essa sinceridade abre o canal da pureza, torna-nos cristalinos. Maria, Cristalinidade e Pureza são os mesmos conceitos. Transparência ou Maria são exactamente a mesma coisa.

Extraído do Livro Terra Última - André Louro de Almeida

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